Animais carismáticos estão moldando os novos jogos — de Rusty Rabbit ao jogo do tigre

Animais carismáticos estão moldando os novos jogos — de Rusty Rabbit ao jogo do tigre

A presença de animais como protagonistas nos games não é exatamente nova, mas o que chama atenção na atual geração é como esses personagens ganharam complexidade, atitude e protagonismo real dentro de experiências diversas — do universo indie à cena mobile. Hoje, os “bichinhos carismáticos” não são mais só mascotes: são parte essencial do apelo estético e mecânico dos jogos, muitas vezes definindo o tom, o ritmo e a narrativa da experiência.

Rusty Rabbit: narrativa, exploração e um coelho veterano

Não é apenas na popularidade de Pokémon que reside o protagonismo de animais e monstrinhos carismáticos. Em Rusty Rabbit, um título com visão lateral e elementos de ação e RPG, o jogador assume o controle de Stamp, um coelho velho e experiente que pilota um mecha para explorar a Montanha Fuliginosa — um local considerado sagrado por sua espécie, remanescente de uma civilização humana extinta. O game combina ambientação pós-apocalíptica com uma estética visual forte, misturando traços de anime, sci-fi e mecânicas de progressão por equipamentos.

A jogabilidade gira em torno da escavação de ruínas, coleta de recursos, upgrades do mecha e combate contra inimigos subterrâneos, tudo isso costurado por uma narrativa que mescla mistério e emoção. Com estrutura de metroidvania, Rusty Rabbit se destaca por trazer um protagonista inusitado: um coelho idoso, longe do perfil convencional dos heróis de ação. Isso reforça o quanto o carisma visual e o conceito por trás do personagem importam — especialmente quando combinados com jogabilidade sólida.

De mascotes a protagonistas: uma tendência consolidada

O uso de animais com personalidade bem definida tem se tornado uma fórmula consistente no desenvolvimento de jogos. Eles funcionam como ponto de entrada visual, mas também como âncoras para mecânicas variadas: seja para contar uma história densa, como em Rusty Rabbit, ou para criar um loop de engajamento rápido, como no jogo do tigre.

Essa tendência tem se tornado cada vez mais popular em jogos recentes. No jogo Stray, acompanhamos um gato de rua lutando para sobreviver em um mundo futurista. Em Dandelion, você escolhe entre seis coelhos para se aproximar e descobre características únicas e variadas sobre suas personalidades quando o plot se revela. Até mesmo em Monster Hunter é possível personalizar seu fiel companheiro em forma de animal falante.

A variedade de estilos de jogo onde essa tendência aparece mostra que o apelo é amplo — e que há espaço tanto para o jogador que busca uma aventura rica e personalizada quanto para aquele que quer partidas curtas e impactantes. O importante é que o personagem esteja no centro da experiência e traga identidade ao jogo.

O jogo do tigre e a série fortune

Enquanto Rusty Rabbit entrega profundidade narrativa e exploração em camadas, o jogo do tigre (Fortune Tiger, da PG Soft) representa o oposto: uma experiência direta, altamente visual e com foco em sessões rápidas. Ainda assim, ambos compartilham um elemento-chave: a escolha de um animal carismático como figura central.

De acordo com dados recentes da KTO, o jogo do tigre lidera em popularidade, com 39,23% de adesão entre os jogadores e 12,72% de todas as rodadas realizadas, ultrapassando com folga concorrentes de peso como Tigre Sortudo. O segundo lugar fica com Fortune Rabbit e, ainda no pódio, podemos ver outros jogos protagonizados por animais com estilos únicos e ambientações personalizadas.

Esse tipo de design, com personagens simpáticos e interfaces acessíveis, é fundamental para manter o engajamento em plataformas mobile e web. Além disso, a familiaridade cultural com animais como tigres e coelhos — que carregam significados simbólicos de força, inteligência ou sorte — ajuda na rápida conexão com o público.

No fim das contas, o animal carismático virou mais que um detalhe visual: virou o rosto da proposta de jogo. E nesse cenário, coelhos escavadores e tigres dourados têm muito mais em comum do que parece.


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]