A menos de 2 semanas atrás iniciavam-se os preparativos para uma edição comemorativa do maior evento de games do Brasil: A Brasil Game Show em sua edição de 15º aniversário!
Neste ano a BGS alcançou sua 15ª edição e comemorou em grande estilo no Expo Center Norte, aqui da Cidade de São Paulo, entre os dias 9 e 13 de Outubro. Sendo o dia 9 exclusivo para imprensa e convidados e os demais dias aberto ao público.
O espaço utilizado nesse ano foi o mesmo do ano anterior, porém com um melhor posicionamento dos estandes garantindo ruas bem largas para fácil mobilidade até mesmo nos dias mais cheios. E assim como na última edição, nós fomos convidados a cobrir essa festa de debutante tão cheia de gente!
Debutante apenas no “nome”!
Assim como é comum em tantas famílias, a festa de debutante – ou festa de 15 anos – é tradicionalmente uma cerimônia de apresentação e transição do festejante à sociedade, como um rito de maioridade. Mas a BGS já a tempos dispensa apresentações pois ela é, ainda, a maior feira de games da América Latina e graças as suas campanhas de marketing agressivas nos últimos anos é dificil de se conhecer uma pessoa atenta a video-game que não tenha ouvido falar.
Pesada é a coroa que repousa na cabeça
A BGS foi por muito tempo a única grande feira de jogos do Brasil. E com grande eu quero não apenas relacionar ao espaço físico, mas também as atrações, convidados, estandes e importancia dentro e fora de nosso país. Em todo o território nacional há diversos eventos menores, principalmente após a pandemia, porém é para a BGS que o brasileiro se move e se prepara viajando de todo país para passar alguns dias imerso.
Mas ninguém fica unânime para sempre, a BIG Festival em 2023 já havia dado o primeiro passo para iniciar uma concorrência de peso assumindo o slogan de “maior feira Indie da América Latina” e nesse ano, ao unir forças com a gamescom, mostrou que agora tem tamanho pra bater de frente. E realmente têm, porém os nichos são diferentes e é aqui que a BGS ainda assume a liderança: O público alvo é todo e qualquer entusiasta de video-games. Somando isso com o histórico, a BGS se mantém no pódium, mas com ressalvas…
Acessibilidade e Atrações
Com ruas largas e estandes bem posicionados (exceto o da Hoyoverse que explico mais pra frente) a acessibilidade no evento estava garantida mesmo nos dias mais cheios. Não foi estranho ver cadeirantes transitar com pouca ou nenhuma dificuldade, ou mesmo as inúmeras famílias com seus carrinhos de bebê. O acesso aos estantes estava perfeito, e caso tenha lido a matéria da edição passada, esse foi exatamente um dos pontos negativos que vi.
A cada dia um número X de atrações estava presente na programação que facilmente poderia ser consultada via aplicativo oficial do evento e o mesmo continha até mesmo uma função de alarme/agenda para não perder as inúmeras palestras que ocorreram entre os palcos da TCL e da Terra.
Pode parecer impressão, mas esse ano tive a sensação de que houveram menos atrações internacionais e muito mais influenciadores que na edição anterior. O que é ótimo para o cenário Brasileiro e confesso que dificilmente veria uma dessas atrações internacionais mover tantas pessoas em um efeito manada (digno da manda de gnus do filme O Rei Leão) como alguns dos influenciadores que estavam em estandes de periféricos de PC fizeram acontecer. Coitados dos desavisados que ficaram no caminho…
O grande foco internacional nesse ano foi composto pelos atores e dubladores de personagens icônicos dos games como Neil Newbon (Astarion em Baldur’s Gate 3), Ned Luke e Shawn Fonteno (Michael de Santa e Franklin CLinton em GTA V) e Roger Clark (Arthur Morgan em Red Dead Redemption 2), a ilustre CEO da Unseeen Ikumi Nakamura (e artista em Ghostwire: Tokyo, Street Fighter V, Bayonetta e The Evil Within), o CEO da Arc System Minoru Kidooka e os já carimbados Jun Senoue e Shota Nakama com a Sonic Symphony.
Estandes e Games
Já inicio aqui dizendo que me senti novamente na década de 90 ao ver Nintendo e Sega como os dois maiores estandes de desenvolvedoras da feira. Aquela rivalidade amigável, mas nem tanto, fomentava os comerciais da época e querendo ou não faziam com que as empresas corressem atrás. Nessa BGS tive essa mesma sensação com a SEGA extremamente bem posicionada logo na entrada do público e a Nintendo mais a fundo em toda sua imponência vermelha.
Ambas possuiam diversos títulos para jogar e demos exclusivas para testar nesse evento. E além desses dois, haviam também outros estandes de desenvolvedoras “menores” populando o espaço entre as gigantes.
Devolver Digital
Pela primeira vez desde que tenho ciencia, a Devolver Digital se fez presente com um estande médio contendo seus principais títulos recém lançados e o Inédito NEVA que seria lançado oficialmente dois dias depois da feira.
Além de NEVA, The Plucky Squire e Cult of the Lamb formaram longas filas de fãs querendo provar um pouco desses viciantes títulso e é claro por as mãos em alguns pôsteres.
Arc System
Outro estreante que veio munido de novidades foi a Arc System que trouxe uma demo jogável de Fatal Fury: City of Wolves, Guilty Gear – Strive – e Hunter x Hunter: Nen Impact. Além, é claro, de vir com o próprio CEO para palestrar.
Hoyoverse
A Hoyoverse esteve mais uma vez presente com um estande médio mas que atraiu muito mais pessoas do que comporta. É incrível como a comunidade de seus jogos é unida e engajada nesse universo compartilhado entre as histórias e dessa vez não foi diferente, lotou! Por´me o foco desse ano foi menos em Genshin e mais em ZZZ, o mais recente título da empresa.
Justamente por ser um estande que está sempre cheio, mais uma vez sua localização atrapalhava a movimentação de pessoas entre os pavilhões.
Activision Blizzard
Com um estande temático de Diablo IV e com foco na mais recente DLC (Vessel of Hatred) a Activision Blizzard gerou filas enormes em suas ativações, fotos com cosplayers contratados e influencers que passaram por ali.
Nintendo
A Nintendo estava com um estande tão grande quanto o da ultima edição e com vários de seus jogos, que ali estavam disponíveis, com localização em Português Brasileiro. Exceto os jogos de Pokémon (Legends Arceus, Detective Pikachu Returns, New Pokémon Snap, Pokémon Scarlet & Violet), Mario Kart 8 Deluxe e os jogos do Nintendo Switch Online.
A grande novidade do estande era o mais novo título da franquia Mario Party, que foi lançado oficialmente agora dia 17 de Outubro, Super Mario Party Jamboree que estava disponível para teste em um modo esquecífico de minigames. Porém quem não deu descanso para as filas foi The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom que se manteve com filas em todos os dias de evento, do momento de abertura até seu encerramento.
Havia também um espaço MyNintendo onde estavam distribuindo sacochilas oficiais do Mario e sua turma a quem mostrasse ali um QR Code da sua conta da Nintendo. Esse espaço concorreu com Zelda quanto a maior fila pois o brinde era entregue a cada duas horas e quando acabava um período de entrega, uma nova fila já se formava.
Próximo ao espaço MyNintendo haviam outros dois espaços específicos, um destinado à crianças com atividades de jogo da memória, livros de colorir e quebra cabeças e outro com duas estações de acessibilidade demonstrando o uso de um novo controle acessível e customizável da Hori totalmente compatível com o Nintendo Switch.
Além dos jogos citados, tinhamos estações com Princess Peach Showtime!, Super Mario Bros Wonder, Pikmin 4, EA SPORTS FC 25 e outro lançamento: Just Dance 2025. Por fim, e não menos importante, tinhamos um espaço para tirar fotos com o Mario e Luigi.
Porém, ao contrário dos ultimos eventos, não havia dessa vez uma área parceira com desenvolvedoras brasileiras mostrando seus jogos, lançados ou em desenvolvimento, no Nintendo Switch.
Sega
Junto da Paramount Pictures a Sega trouxe também seu trio principal para tirar fotos com o público promovendo o próximo filme de Sonic, Sonic 3 O Filme, que chegará aos cinemas em Dezembro desse ano. Além disso dois grandes atrativos era o mais novo jogo Sonic x Shadow Generations que estava disponível para testes e também o jogo Metaphor ReFantazio que foi lançado oficialmente durante o evento.
Outros lançamentos que também estavam ali presentes para teste eram Two Point Museum e Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii.
Area Indie
Corrigindo um grande erro da ultima edição, nesta tivemos um grande espaço para desenvolvedores exibirem seus jogos e Faculdades exibirem os projetos de seus alunos. Muito diamante bruto estava nesse local e diversos jogos interessantíssimos estavam disponíveis para testes e todo abertos à possíveis parcerias.
Arcade Area
Com tantas filas focadas nos lançamentos, as vezes para se divertir a opção era se dirigir a area arcade e “gastar lá suas fichas”. Calma, o espaço era quase que integralmente gratuito. Com excessão de uns 3 ou 4 brinquedos de realidade virtual ou teste de força, todas as demais atividades ali eram gratuitas.
Mas não se engane achando que eram fracas ou aquém das atividades dos estandes das desenvolvedoras ou de PC Gaming. A quantidade de máquinas superou as vistas em eventos passados e garantiu diversão para toda a família, principalmente dos pequenos que conheceram ali muitos jogos e diversão que um simples controle ou teclado não poderiam fornecer.
PC Gaming e Periféricos
Essa sessão esteve mais uma vez em peso com cinco gigantes do ramo divididas no pavilhão principal: Pichau, Shop Info, Cougar, Team Liquid + Alien Ware e Samsung. Cada uma dessas possuiam estandes enormes, sendo a Pichau e a Samsung os maiores dentre todos em todo o evento.
Diversos outros estandes contendo periféricos, cadeiras gamers, monitores e muito mais estavam dispostos mais afastados desses cinco mencionados acima, mas também arrastaram multidões com a participações de influenciadores famosos. Todos os periféricos estavam à venda no evento.
Alimentação e Lojinhas
Muitas lojinhas especializadas mais em animes do que em jogos em geral estavam presentes e forneciam boas opções de souvenirs para quem estivesse disposto a mexer no bolso. Foco nas lojas de colecionáveis que trouxeram estatuetas gigantes de personagens aclamados dos quadrinhos e animes, inclusive exemplares da First 4 Figures, uma das mais cobiçadas empresas de estatuetas de jogos do mundo.
Quanto a alimentação, infelizmente a reclamação persiste a mesma do ano passado. Embora houvesse um bom espaço para se sentar e comer, o preço de qualquer combo ali dentro era absurdo de caro. Um poke com um refri estava 65 reais! Combos de hamburguer, batata e refri chegavam a 80 reais em alguns quiosques.
Imagino que ter seu espaço dentro de um evento desse calibre seja caro, mas cobrar um jantar para dois em um lanche para uma unica pessoa é irracional e infelizmente ainda assusta e afasta muitas pessoas. Talvez seja por esse motivo que a praça de alimentação aparentou estar mais vaga dessa vez.
Conclusão
A BGS segue forte no pódio de maior feira do Brasil e da América Latina e seu foco no popular ainda pode ser o diferencial desse título conquistado pelo seu décimo quinto ano. Entretanto sinto que o evento não justificou o preço do ingresso.
Foi incrível sim, foi divertido, mas os valores dos ingressos e da praça de alimentação, e as atrações internacionais dessa edição, me fazem questionar se compensa investir (pois muitos vieram de outros estados e portanto tem estadia e locomoção nessa conta) nesse evento para permanecer tantos dias.
E digo mais, sinto que parte de toda a diversão estava presente em estar com amigos ou fazer amizades ali, não necessáriamente em consumir o evento como um todo. Claro, essa é só minha opinião e talvez ter passado dos 30 anos possa ter mudado minha ótica sobre essas coisas. Dez anos atrás eu faria de tudo para estar lá todos os dias!
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