Olá, caros leitores!
Como vocês estão ? Espero que bem.
Hoje gostaria de trazer um assunto que já venho pensando a algum tempo. Certo dia, estava verificando algumas atualizações de grupos em que faço parte e me deparei com um questionamento que roubou a minha atenção.
Alguém mais perdeu a vontade de jogar? Eu gostaria de ter mais ânimo para jogar, porém quando chega o fim de semana eu não consigo jogar mais do que duas partidas rápidas de algo simples. Não sei se tem haver com o fato de eu estar trabalhando muito, mas não consigo ter atenção e nem motivação. Alguém já passou por isso?
Sei que a maioria dos meus posts de alguma forma envolvem o tema saúde mental, e isso se dá pelo fato de eu ser um profissional da área da saúde e amante dos games. Tento sempre correlacionar esse momento de prazer que dedicamos para diversão com aspectos da nossa vida.
Após ler e reler durante algum tempo esse questionamento, senti que poderia contribuir com um relato pessoal sobre o tema.
Não é novidade para nenhum de nós que o ano passado foi um ano bem intenso. Muitos de nós utilizaram de estratégias para escapar da situação que nos deparávamos com o intuito de conseguir um pouco de alívio fora do “mundo real”. Cheguei a abordar sobre escapismo na matéria: Deixamos a “fantasia” nos absorver, (confere lá e deixa seu comentário). O fato é que passei por algo muito similar ao que nosso amigo relatou.
Desde que tirei o meu mês de férias em abril de 2020, muitas coisas aconteceram. Pra começar, estávamos no início da pandemia e não se sabia muito sobre o vírus, logo o pânico reinava entre nós. Lembro-me de quando fui ao mercado e vi as pessoas lutando por produtos que sumiam das prateleiras em uma velocidade impressionante. Tentei manter a calma em meio a todo aquele cenário que parecia ter sido inspirado em The Walking Dead. Ficar trancado em casa por 30 dias, no período do seu aniversário e longe da própria família, foi algo que pesou de uma forma bem grande. Tentei focar em estudar tudo que eu queria, mas que antes não tinha tempo, pensar em projetos para o futuro, mas tudo isso estava envolto por uma neblina de incertezas e angústia. Pouco a pouco os dias foram passando e acabei retornando as atividades na clínica. “Caí de cabeça” no trabalho, fazendo daquela atividade a minha meta maior. Logo vieram as notícias de que muitas pessoas estavam sendo demitidas em empresas concorrentes e o terror voltou a mente de todos nós. Sem saber como o futuro seria, momentos de tensão tornaram-se recorrentes. Com todos esses acontecimentos se manifestando ao mesmo tempo, jogar videogame nos meus poucos momentos livres me trazia o sentimento de culpa. Culpa por não estar “ligado” em todas as notícias que a cada segundo eram mais macabras, culpa por estar relaxando enquanto muitas pessoas sofriam, culpa por estar fazendo algo que não mudaria em nada o cenário mundial, etc…
Cada vez que eu tentava jogar seja lá o que fosse eu me sentia mal. Com o tempo, já não tinha mais energia para nada além de trabalhar. Tudo pra mim parecia ter se resumido a estocar o máximo de coisas que eu pudesse, trabalhar e voltar pra casa. Conforme novas informações sobre o vírus foram sendo descobertas a vida foi se encaixando no que muitos dizem ser o “novo normal”.
Pensei que em parte, alguns problemas haviam sido resolvidos, mas sempre esquecemos de olhar pra dentro de nós e verificarmos se estamos bem ou se está tudo uma bagunça. Estava me sentindo apatico e isso me incomodava bastante.
Apatia: estado de alma não suscetível de comoção ou interesse; insensibilidade, indiferença.
No caso era a segunda opção mesmo. Aos poucos com a ajuda da terapia fui me reerguendo e hoje estou bem.
Percebi apenas que meu gênero de jogo favorito (RPG) não estava me mantendo interessado. O tema genérico de ter a responsabilidade em minhas mãos para salvar o mundo de uma catástrofe terrível já não me deixava tão confortável. Foi quando dei a chance para um jogo que a tempos despertou o meu interesse: Paper Mario: The Origami King. Quem iria esperar que com um pouco de papel e boas doses de risadas o meu desejo de jogar voltaria?
O cuidado dos desenvolvedores com a criação desse jogo é algo de se tirar o chapéu! A franquia Paper Mario é conhecida pela qualidade de suas histórias e diálogos cativantes. E nesse quesito, Paper Mario: The Origami King não decepciona. Conforme eu jogava e interagia mais e mais com os personagens, mais eu me via curioso sobre aquele mundo e com vontade de explorar aquele lindo mundo de papel. Paper Mario: The Origami King aborda temas diversos, entre eles: perda, amizade, egoísmo, esperança, etc…
De uma forma leve, com pitadas de ação, Paper Mario: The Origami King entrega tudo o que é necessário em uma boa aventura. Outro tópico que merece muitas e muitas palmas é a soundtrack desse jogo que está FANTÁSTICA! Já fiquei escutando por horas e horas.
Dito isso, acredito que jogos casuais e com narrativas mais lineares tem o seu espaço e valor. Não precisamos salvar o mundo de um catástrofe eminente no mundo dos jogos enquanto passamos por uma situação caótica no “mundo real. Talvez a grande sacada esteja em balancear as duas realidades.
Queria deixar como mensagem geral desse tema os seguintes pontos:
1 – Ajuda profissional sempre será uma boa opção, pois todos nós precisamos de ajuda.
2 – Tire um tempo para você e saiba se permitir relaxar (Não podemos lutar sem energia)
3 – As vezes tudo o que nós precisamos são de boas risadas e companheiros de viagem (seja em qual mundo for)
Paper Mario: The Origami King me trouxe de volta ao universo gamer.
Em muitos momentos pensei que estava em uma jornada para salvar a princesa Peach, mas quando percebi eu estava resgatando o meu coração.
Vida longa ao encanador mais famoso do mundo!
Boa jornada a todos e até a próxima 😉
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