Um dia desses vi um vídeo no YouTube, no famosíssimo canal da GameXplain, em que se era discutido como a sequência de Breath of the Wild fará para “resetar” o jogador. Nele, eram tratados tópicos como o retorno do medidor de vida aos 3 corações e a ausência dos itens que se espera que sejam obtidos durante o jogo.
Visto que estamos em um cenário muito peculiar – uma sequência direta – dentro desta série que geralmente começa histórias, e, por consequência, seus protagonistas, do zero, é de fato intrigante pensar em como o jogo vai tratar seu personagem principal para que o começo desta nova aventura tenha, de fato, cara de começo.
No entanto, gostaria de focar especificamente em um aspecto deste dito “reset”, que para mim é, no fundo, a chave por trás de todo o sucesso de Breath of the Wild: a exploração. O sentimento predominante que eu – e, aposto, vocês também – senti durante minha primeira experiência com o jogo foi o de descoberta, de estar completamente imerso naquela vasta e desconhecida terra e ser constantemente surpreendido com as imprevisíveis situações encontradas em cada canto.
Tal sentimento é o motivo de eu ter gasto tantas horas no primeiro playthrough do jogo, e creio que os desenvolvedores sabem exatamente disso. Portanto, me recuso a pensar que a continuação vá simplesmente nos jogar de volta à mesma Hyrule que conhecemos, sem apresentar nada de novo na exploração. Vamos então discutir algumas das novas possibilidades de exploração que o próximo jogo pode nos apresentar, começando pela mais óbvia:
Novas Localidades
Koholint, Termina, Skyloft… Vários jogos da série levam Link, seja durante a aventura toda ou apenas parte dela, a localidades diferentes de Hyrule. Para manter a sensação de descobrimento, é bem possível que o próximo jogo também nos leve a uma nova localidade.
Os rumores de um trailer descartado sugerem uma menção a ilhas distantes, o que pode ser possível, visto que Hyrule é cercada por mar ao Sul e ao Leste. Existem, porém, outras possibilidades, visto que terras e montanhas distantes são avistadas ao norte do continente, e ao sudoeste está o que eu pessoalmente acho mais intrigante: a continuação do deserto. Eu ADORARIA ver o que é que existe depois do deserto! No primeiro jogo, o espaço percorrível termina com uma parede invisível no deserto, alegando uma forte tempestade de areia, o que sempre me deixou com uma pulga atrás da orelha.
Por que os desenvolvedores deixariam, num jogo notório por jamais limitar as possibilidades de deslocamento, uma clara continuação terrestre no mapa que sugere que há mais partes do continente por ali? Talvez por não aprovarem a ideia de projetar um ambiente de deserto envolto por mar, mas nesse caso, por que não apenas continuar o grande canyon que se vê ao norte e nordeste?
Se eu tivesse que apostar minhas fichas em alguma hipótese, eu chutaria que não colocar um limite no deserto foi uma ação deliberada, para permitir que eventuais ideias de novas localidades pudessem ser implantadas. Se eu fosse Link, entraria em Vah Naboris e levaria o camelo gigante para dar uma volta documental desbravando as terras desconhecidas ao sudoeste.
Especulações à parte, o fato é que esse é o único ponto em que não se é possível ver um claro limite no continente de Hyrule, e pode muito bem ser explorado na sequência.
Novas “dimensões”
Não é raro em jogos da série o jogador ser transportado para diferentes universos, diferentes realidades. Alguns dos exemplos mais marcantes são Lorule e o Twilight Realm (porém creio que alguns diriam que Termina e Koholint cairiam melhor nesta categoria do que na anterior).
A próxima aventura de Link e Zelda pode tranquilamente nos levar a uma versão atualizada destes “lugares”, ou até mesmo introduzir algo novo nesta mesma categoria. Seria muito interessante ver estas localidades icônicas no novo estilo artístico de Breath of the Wild, aplicando o visual do cel-shading a localidades mais surrealistas e até abstratas.
Caso os eventos do trailer deem a Link um eventual “power-up” com a tal da mão brilhante, é possível também que esta nova habilidade atue como ponte entre dimensões diferentes.
Hyrule, porém em maneiras diferentes
Por mais completa que tenha sido a exploração de Hyrule na nossa primeira aventura, não nos esqueçamos que ainda há mais coisas a se ver no vasto continente, a começar por tudo o que há debaixo d’água.
Exploração subaquática foi um elemento notoriamente ausente em Breath of the Wild, e sua continuação pode aproveitar o fato para esconder muitos de seus segredos em ambientes submersos. Seria ótimo conhecer criaturas marinhas, explorar as profundezas do Lake Hylia e – tentar – chegar ao fundo do amedrontador Skull Lake, com suas águas escuras e flores macabras.
Ao mencionarmos ambientes submersos, não há porque não pensar também nos subterrâneos, que, apesar de presentes no primeiro jogo em Shrines e eventuais cavernas, ainda deixam muitos espaços hyruleanos a serem descobertos.
Grandes escavações fizeram parte da história de Breath of the Wild, e foram a maneira como grande parte das tecnologias Sheikah, incluindo as Divine Beasts, foi descoberta. Esta versão de Zelda é uma verdadeira curiosa, com interesse em compreender essas tecnologias. Agora que a mesma está livre para acompanhar – e, provavelmente, guiar – Link em novas aventuras, o retorno a essas escavações pode ser a maneira como o novo jogo incorpora suas dungeons.
É importante lembrar que, além dos Sheikah, havia uma outra tribo anciã que misteriosamente desapareceu num passado distante e deixou ruínas e rastros por toda Hyrule: os Zonai. Muitas das intervenções de tal povo simplesmente aparecem pelo continente sem que haja uma explicação clara para seus arquétipos e construções. Os Zonai podem também ser um novo tópico de interesse para a eventual Zelda aventureira da continuação.
Ainda no tópico, adoraria ver o que há ao fundo da perfuração imensa dos Yiga. Em uma das Shrine Quests do DLC The Champions’ Ballad, é pedido que Link atire uma esfera buraco abaixo, e neste momento, é possível ouvir um impacto ao fundo, seguido do típico som de ativação de dispositivo Sheikah. Ainda que jogadores tenham conseguido acessar os modelos da perfuração, para então encontrar em seu final apenas um término de buraco como quaisquer outros, é possível que a localidade apenas não tenha sido modelada por ser naturalmente inacessível pelo jogador no primeiro jogo.
Vale ressaltar também que viagens no tempo são frequentes na franquia, e outra mecânica interessante pode ser a habilidade de acessar Hyrule em diferentes pontos temporais, como feito em Skyward Sword ou Ocarina of Time. Este cenário permitiria inclusive um retorno a dungeons antigas tradicionais da saga, e poderia também justificar a ausência das mesmas no primeiro jogo: já pensou que interessante seria se o motivo de não acessarmos nenhuma dungeon em Breath of the Wild fosse por elas estarem tão distantes no passado que já não existem mais? Já pensou que ainda mais legal não seria voltar ao passado para poder acessar tais calabouços?
Começo este próximo argumento já pedindo desculpas, pois a próxima hipótese é, de todas as apresentadas até agora, de longe a menos plausível, mas sinto que é meu dever compartilhá-la, já que a mesma me ocorreu. Aqui vamos nós:
Não é segredo nenhum a esta altura do campeonato que um dos planos para Breath of the Wild era a inclusão dos Minish como habitantes desta nova Hyrule. A ideia era que os mesmos teriam seus próprios ambientes em miniatura e Link obteria, em algum ponto da aventura, a habilidade de encolher e acessar tais recintos.
Ainda que tenha sido descartada no primeiro game, a mecânica (e os Minish com ela) pode sim estar presente na continuação, o que permitiria “justificar” novas dungeons não exploradas anteriormente. Tais ambientes, apesar de “grandes” enquanto se está minúsculo, poderiam caber tranquilamente dentro de uma rocha em Akkala ou algo assim, tornando possível a existência deles no universo da mesma Hyrule sem terem sido notados até então.
Hyrule transformada
Se você chegou até aqui neste texto, assumo que tenha visto o trailer do próximo jogo… sabe qual? Aquele lá! Sim, aquele em que O CASTELO COMEÇA A SUBIR! Apesar de não sabermos se aquilo é uma mecânica mais semelhante a um elevador ou a um foguete, o fato é que o ambiente envolvendo o castelo está prestes a mudar.
De maneira semelhante, é possível que outras partes de Hyrule também tenham sua forma e topografia alterada. Há teorias (mais plausíveis do que eu conseguiria fazer parecer apenas por meio de texto) de que o castelo é móvel. Há também outras que dizem que as Lost Woods e o Great Plateau trocaram de lugar em algum momento do passado, possivelmente a fim de proteger a Master Sword.
Menciono estas teorias não para deixá-los confusos, mas para atestar que não sabemos o quão rapidamente a forma de Hyrule como um todo pode se alterar ou ser alterada. A cena que vemos no trailer pode, afinal, ser o início de um evento cataclísmico no continente, que totalmente altera sua disposição e o modo como o percorremos no jogo.
Considerações finais
Não há, atualmente, como prever a direção que o jogo vai tomar, dado que temos apenas um trailer cinemático. Espero, porém, que a essência exploratória e o sentimento de eterno descobrimento e reviravolta que elevaram Breath of the Wild a um clássico instantâneo e o tornaram o novo paradigma para jogos de mundo aberto, retornem para esta tão aguardada sequência. Estou ansioso por novas informações a respeito da próxima aventura, e mal posso esperar para redescobrir Hyrule novamente!
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