Dragon Ball: Sparking! ZERO – Afinal, rodaria no Switch?

Dragon Ball: Sparking! ZERO - Afinal, rodaria no Switch?

Fomos convidados a não apenas degustar, mas a de fato provar todo o potencial que esse maravilhoso jogo de luta tem a oferecer. E saboreando Dragon Ball: Sparking! ZERO venho aqui discorrer sobre o que achei e algumas coisas a mais.

Espera, mas esse jogo não saiu para o Switch… Então como é que você está jogando, hein? – Você pode ter se perguntado algo parecido, mas digo que realmente fomos convidados a isso. Graças a Bandai Namco que nos forneceu uma chave, joguei o mesmo na “concorrência” e quero ponderar aqui com vocês algumas coisas que me veio a mente enquanto jogava. E pra começar, vamos falar um pouco sobre a série e a indústria de jogos.

Bütoden, o precursor de Budokai Tenkaichi

Aos noventistas ou mesmo àqueles que conheceram os jogos de Dragon Ball na era no Playstation One, sabem que apesar de uma qualidade até que baixa, os jogos da série Budokai Tenkaichi divertiam com todas suas transformações e dinâmicas que vinham a cada jogo.

Meu primeiro contato com qualquer jogo de Dragon Ball foi justamente no jogo Dragon Ball Z: Super Bütoden 3 de SNES que apesar de meio travado em alguns de seus comandos ainda divertia. Claro, aos que tiveram acesso à esse jogo apenas em cartucho, o jogo estava em Japonês e isso nos fazia ativar a imaginação ao ver determinadas batalhas e finais sem saber o que de fato estava sendo dito ali.

Posteriormente, na era do Playstation, os personagens ganharam melhorias gráficas e maior fluidez nos sprites chegando até a trocar seus personagens em pixel art por polígonos que traziam certa semelhança ao que viamos no anime, porém deixava pra imaginação terminar o resto da “renderização”. Isso não era ruim, quem que naquela época não tinha vontade de jogar com o Goku Super Sayajin 4??

Mas foi então que, talvez por condições de licença de uso de imagem ou por complexidade de desenvolvimento, a franquia Budokai foi minguando e caindo no esquecimento de todos. A era 3D não foi gentil com os desenvolvedores e algumas franquias acabavam sacrificando a jogabilidade, história ou fluidez para garantir gráficos aceitáveis ao mundo que se tornava cada vez mais exigente, próximo do que temos hoje em dia. Esse mal percorreu diversas séries de jogos de luta famosos que notavelmente perderam boa parte de sua base de fãs por conta desses sacrifícios em prol do 3D.

Mas isso foi apenas até que decidiram aplicar no 3D uma textura mais voltada ao estilo anime, popularizada como cel shading, que garante alguns traços de contorno mesmo em um objeto 3D e utiliza de iluminações não realistas justamente para fidelizar com as obras originais.

Cel Shading: Uma esperança ao estilo 3D

Que o estilo 3D tende ao hiper realismo, ninguem pode negar. Hoje temos todo um estudo sobre como a refração da água em uma poça no chão de uma viela escura com apenas algumas luzes neon ao fundo impacta e, segundo algumas pessoas, faz toda a diferença no jogo. Porém vimos que esse realismo todo não se da bem com todos os nichos, e as vezes só queremos poder controlar em um jogo exataemnte o que vemos na televisão com os diversos animes shonen que tem no mercado.

Quando o Cel Shadding entrou no mercado, sendo um contraponto ao hyper realismo que só crescia, a luz da esperança pairou sobre diversas desenvolvedoras de jogos de anime. Foi graças a isso que tivemos a maravilhosa aparição da saga Dragon Ball: Xenoverse que para muitos já era considerado o revival da franquia Budokai. Mas haviam nesses jogos algo diferente, e não era só o gráfico.

Era algo de jogabilidade mesmo. Não se enganem, não estou dizendo que Xenoverse não é bom, muito pelo contrário. Xenoverse veio justamente na época onde tantos de nós, fãs de Dragon Ball, estavamos sedentos por algo do gênero que fosse bom.

Mas Xenoverse não é Budokai… Só quem jogou a franquia consegueria entender…

Um tempo depois, Dragon Ball FighterZ foi lançado e esse também tinha um ar Budokai, mas ainda faltava mais. Embora esse tivesse mais aspecto de anime que o Xenoverse, suas mecânicas se aproximavam mais dos jogos de luta convencionais. Talvez por isso em FighterZ, ou pela exigencia do multiplayer online em Xenoverse, ambos os jogos não conseguiram fazer o que o próximo fez, e fez com maestria.

Trivia: Budokai Tenkaichi ou Sparking?

A série Budokai Tenkaichi, que ganhou o coração de muitos, tem um outro nome que somente era conhecido por quem era fã assíduo dos jogos e/ou pesquisava em fóruns da internet. Enquanto no ocidente seu nome permanecia Budokai Tenkaichi, no Japão ele nasceu com o nome de Sparking, provavelmente uma referência a palavra usada no final do refrão do tema de abertura Cha-la HEAD Cha-la.

Do que se trata Sparking! ZERO ?

Podemos afirmar que esse jogo veio não apenas resgatar a franquia mas também se consolidar como a edição definitiva do gênero com toda a gama de personagens possíveis ali presentes, sem contar os adicionados por DLCs ou os notórios Figthing Pass (pacotes de personagens e cosméticos que são disponibilizados com o tempo por um preço único).

Em Dragon Ball: Sparking! ZERO temos um jogo de lutas no universo de Dragon Ball que parte da saga Z (Saga dos Sayajins iniciando com Radditz) e seguindo até o final da saga Super (Torneio do Poder) sendo a última saga oficialmente animada (atéo o momento de escrita dessa matéria).

Quando digo “animada” me refiro ao anime de referência pois sabemos que na verdade o mangá se prolonga além do que foi animado e dá continuidade na história com novos inimigos e transformações. Alem da série animada, muitos personagens dos filmes também estão presentes como personagens jogáveis.

Este jogo possui modos diferentes de jogabilidade e até mesmo customização de personagens utilizando alguns recursos conseguidos em jogo através das lutas. Um dos principais modos para quem for jogar sozinho é o modo Batalha por Episódio que conta a história desse universo passando por todos os momentos icônicos e batalhas épicas que já vivenciamos antes nas telas. Contudo, ao escolher esse modo você escolherá apenas um personagem que irá controlar dentro dos personagens possíveis e liberados para então seguir a as batalhas épicas ali contidas.

Reviver as batalhas épicas do anime em alta qualidade já seria muito bom, mas a grande novidade aqui é a possibilidade de tomada de decisões em momentos que podem criar uma ramificação no fluxo da história que desencadear novas batalhas e até mesmo novos “finais”. Como por exemplo, e se o Goku SSJ3 conseguisse de fato segurar e divertir o Majin Buu a ponto do mesmo se afeiçoar e desistir de continuar matando à mando do Babidi? Ou e se ao invés de Goku e Gohan aguardarem Vegeta e Trunks sairem da sala do templo, eles fossem direto ao encalço de Cell?

Nos exemplos acima, uma ramificação pode ocorrer dentro da batalha caso alcance determinado objetivo enquanto o outro ocorre em uam cutscene com uma simples decisãoEssas nuances de história podem não alterar o rumo da linha já conhecida mas podem gerar novas interações entre personagens. Ja pensou se Yamcha derrota um Saibaman ou Kuririn não morre para o Freeza? Além de novos finais e novas batalhas, novos itens e personagens podem sem desbloqueados dessa forma. Nem todas as batalhas ou cutscenes podem gerar ramificações apenas as que podem ser vistas no mapa com um sinal de bifurcação.

E falando no mapa, enquanto estiver no comando de um personagem perceberá diversas batalhas bloqueadas para você no momento, e isso é porque na história “canônica” seu personagem não articipou daquela batalha. Voltando ao exemplo de Goku, em Namekusei o Goku chega ao final da luta de Vegeta contra Rikum do Esquadrão Especial Ginyu. As batalhas contra o Gurdo ou contra o Dodoria ou Zarbon do Exército Galático de Freeza não são possíveis pois Goku não estava em Namekusei ainda.

Aqui entra os personagens desbloqueados em batalhas. Não apenas libera o personagem no modo batalha customizada ou multiplayer, mas alguns são também liberados para o modo história onde será contada sua trajetória dentro desse universo.

Infelizmente não há no modo multiplayer a existencia de batalhas online entre as plataformas hoje disponíveis para o jogo. Um crossplay seria de muito bom grado e uniria mais fãs ao logo do temp ode vida do jogo.

Dragon Ball: Sparking! ZERO rodaria no Nintendo Switch?

Sendo direto e reto: Sim, mas com ressalvas. O Switch já possui em seu catálogo ótimos jogos que mesclam 3D, cel shading e luta e todos funcionam bem. Porém o que pesaria aqui seria a fluidez. Para garantir essa fluidez um alto framerate é necessário, e sabendo do hardware do Switch atual, para conseguir isso algumas coisas precisariam ficar de fora. Talvez as cutscenes e cenários de batalha seriam reduzidos ou a qualidade do audio precisasse de uma tratativa.

Minha aposta está na vinda desse título para o sucessor que já está próximo de ser anunciado, ele sim conseguiria trazer toda a experiencia já existente em Dragon Ball: Sparking! ZERO para o hibrido que tanto amamos sem precisar cortar ou talvez “recriar” o jogo com um downgrade como vimos em diversos outros títulos multiplataformas atuais que foram portados para o Switch.

Conclusão: O jogo é bom, é lindo, é fluído e recompensa os fãs na medida certa com animações de qualidade e uma jogabilidade simples e fácil de se decorar. Vale a pena, e valerá ainda mais quando chegar ao “Switch 2” se assim Zen’oh quiser!

Mais uma vez nosso muito obrigado à Bandai Namco pela oportunidade!


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Desenvolvedor, gamer, marido e pai de pet. Um fã de Zelda, Monster Hunter, RPGs e Metroidvanias, que ama dar risadas, desenhar, jogar e reclamar que não tem tempo para fazer isso mais vezes.