O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano
Isaac Newton
Essa frase dita por uma das maiores mentes da humanidade simboliza um carater filosófico para denotar o quão pequenos somos nesse mundo e de maneira literal, evidencia o quão misterioso os 7 mares ainda é para nós seres humanos. É estimado que 80% dos oceanos ainda permanece em total desconhecimento e não apenas na questão territorial, mas também nas espécies de animais que ali habitam.
É importante salientar o fascínio do ser humano pelo mar, pelo desconhecido. Vivendo um apogeu na era das Grandes Navegações, com diversos povos se organizando para desbravar o mar misterioso que até então era rico em folclore, o homem sempre teve uma admiração enorme por aquele campo azulado enorme que se perdia em tamanho horizonte e aguçava o desejo de ver o que vem depois dali.
É com esse espírito aglutinado de encanto e aventura, que a Nintendo juntamente com a desenvolvedora Arika traz uma das promessas de beleza transbordada para as telas em forma de game e busca trazer o encantamento pelo mar sendo guiado pelo controle. Endless Ocean: Luminous é a volta da franquia que foi lançada no inicio deste milênio e que busca trazer uma experiência formidável de exploração aquática.
Ficha Técnica
Nome: Endless Ocean: Luminous
Desenvolvedor: Arika
Publisher: Nintendo
Tamanho: 5GB
Preço: R$ 249,00
Classificação Indicativa: Livre
Tal qual o mistério do desbravamento do mar, jogadores(as) tiveram o mesmo sentimento ao assistir a Ninteno Direct Partner Showcase e ser reservado esse jogo para encerrar a transmissão. Endless Ocean: Luminous é um jogo que em sua definição não traz ares de mistério algum. É um game de exploração aquatico que traz ao jogador a busca pelas profundezas do oceano e descobrindo as diferentes espécies e locais que ali habitam.
Com certeza você não deve ter feito essa associação, mas já adianto que o game tem uma proposta muito diferente de exploração de uma natureza selvagem que avistamos em The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Apesar de conceitos parecidos, o game é perfeito para ilustrar total oposição ao game e indicar o que de fato é a exploração mencionada em sua descrição. Apesar de ser um jogo de mundo aberto e que te dá a opção de descobrir todo aquele mundão azul, o game é apenas isso.
É muito importante para aqueles que desejam adquirir esse jogo se atentar bem a esse ponto. É injusto resumir ao game a essa pequena palavra de 4 letras, o o jogo obviamente é muito mais que isso. Mas ao fazer uma comparação com o premiado game de 2017 aventuresco de Link, o intuito é justamente dizer que a sensação de exploração aventuresca com ápices de climax em diversos momentos aqui é inexistente.
O jogo é uma antítese quando nos deparamos com o ideal de game mais procurado hoje em dia. A proposta de Endless anda em uma linha tênue muito próxima entre a calmaria e a monotonia, podendo facilmente ser taxado de chato. Retirada as expectativas quanto a algo que possa possuir mais ação, você adentrará uma maravilhosa experiência mais soft e que soa terapêutica em muitos momentos.
No game, você assume o papel de um mergulhador novato que acaba de ingressar uma equipe de mergulho para documentar e catalogar mais de 570 espécies, incluindo seres já extintos ou até mesmo figuras mitológicas como o Megalodon tendo a ajuda em todo instante da inteligência artificial Sera. O game disponibiliza alguns modos de jogo para se aventurar. No modo campanha, você parte em busca para explorar o mundo dos Corais e deve investigar os problemas que habitam esse bioma.
Aqui vale uma critica pertinente ao jogo. Apesar de não ser o foco, poderia a desenvolvedora japonesar buscar trazer uma profundidade maior a algo que de fato é um tema que causa preocupação no mundo real. O game traz um certo problema na sua narrativa, é algo raso e por certas vezes traz uma sensação de tédio diante do esforço exigido para “aprofundar” melhor a história. A linha tênue mencionada anteriormente, aqui infelizmente foi deslocada para o lado ruim da situação devido a exigência excessiva do jogo. Isso porque o número de escaneamentos para dar progressão é excessivamente alto para prosseguir nos capítulos
Mas tal comentário, é importante salientar, é algo isolado, até porque o game te da mais 3 opções para se aventurar: o modo sazonal, com eventos divulgados pela própria Nintendo e mais 2 modos de mergulho Livre, um local e um online, podendo jogar até 30 jogadores para explorar com você o mar.
Algo muito interessante de ver foi o cuidado com os detalhes que tiveram ao catalogar as espécies. Ao registrar, você terá acesso a grandes detalhes da vida marinha só que isso traz uma tristeza para os brasileiros, afinal não há localização em PT-BR tornando isso irrelevante para aqueles que não dominam o idioma inglês.
Outro ponto que merece ser destacado é o visual do game. É exuberante o design do jogo, remetendo a uma sensação de encantamento ao mergulhar. Lógico que são experiências diversas, afinal uma real e a outra virtual, mas o conceito aqui é da beleza proporcionada pelo lugar que você jamais teve um contato tão próximo. É a sensação de dizer que o misterioso não deve ser encarado com medo e há beleza naquilo que não vemos ou que ainda não conhecemos. As cores transmitidas na tela absorvem sua atenção e admiração com um poder imersivo gigantesco.
É um ponto extremamente positivo ainda mais quando visto os detalhes das espécies e particularmente, achei incrível me deparar até mesmo com as figuras que apenas permeiam o imaginário através de lendas, trazendo ainda mais empolgação ao explorar.
O sentimento que de ver a Nintendo trazer de volta esse título é semelhante ao avistar a Marvel buscar dar protagonismo a personagens menos conhecidos nos quadrinhos em séries ou filmes próprias. O que se criou um grande problema para a produtora cinematográfica, o mesmo não deve ser encarado pelos fãs nintendistas.
É arriscado trazer um game que muda por completo a experiência gamer de alguém até por ir contra a maré dos anseios mais padrões procurados pelos jogadores. A empresa japonesa acerta, na opinião daqui que vos escreve, em trazer um game que se torna uma sessão terapêutica com controles, expõe um mundo pouco explorado pelas empresas e traz uma experiência tranquilizante. Infelizmente, nem tudo é perfeito e o game escorrega em determinados pontos que possam ser considerados tediosos, chegando a ter uma essência um pouco única para não abranger uma massa maior do público.
O game encanta, acalma e busca trazer beleza ao seu Switch. Uma pena que não tenha sido abrasileirado.
[Nota do Editor: Endless Ocean: Luminous foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Nintendo para avaliação.]
