Era uma vez uma época onde Nintendo Directs Mini tinham preferência na fila do pão. Funcionava como uma dose que saciava em menor proporção, influenciadas pela ausência das Directs tradicionais, e reunia um misto entre expectativas frustradas e rumores demasiados. Nem tudo estava perdido porém. Monster Hunter Rise foi anunciado em uma Direct Mini dedicada a jogos Third Party, indo na contra mão desse pensamento.
De apego emocional estratosférico, a nova caça aos monstros arrepiou os braços com um trailer muito convincente. Criado do zero, sendo projetado exclusivamente com o Nintendo Switch em mente, a Capcom mostrou que não brinca em serviço e sabe aproveitar bem seus recursos. O motor gráfico utilizado em Monster Hunter Rise é gerado da RE Engine, utilizada em Resident Evil 7 e Devil May Cry 5. Não tinha como não se surpreender e se render a esse fator. Monster Hunter Rise chega como o novo episódio da franquia, compartilhando seu universo repleto de informações e qualidade inquestionável.
Desde que surgiu, Monster Hunter não é um jogo unânime dentro da comunidade gamer. Divide opiniões, quem ama, ama — quem odeia, odeia. É assim com a maioria dos jogos que saem da zona de conforto para quebrar paradigmas, ou inovar conceitos. Monster Hunter se abdica de um gênero estereotipado. Mesmo que algumas mecânicas possam lembrar gêneros como o Hack ‘n’ Slash ou MMOs que permitem customizações baseados em cacos reunidos de suas presas abatidas, Monster Hunter trabalhou para criar uma identidade própria e conseguiu mais que isso. Monster Hunter está para a Capcom, como Pokémon está para a Gamefreak, no quesito rentabilidade. Combates que duram uma eternidade, monstros colossais e um toque de selvageria, são apenas algumas das marcas registradas da galinha dos ovos de ouro da Capcom.
O Enredo
Em Monster Hunter Rise seguimos por uma mesma ideia de enredo já vista. O mundo é composto por humanos que sobrevivem da caça, e você é novamente o escolhido como caçador principal de uma aldeia que está sob ameaça. Os perigos naturais é uma realidade pelo habitat de feras nas redondezas, mas algo está diferente dessa vez. O controle dos monstros, tal como a Aldeia em que todos vivem estão comprometidos por um fenômeno chamado Frenesi. Esse fenômeno tem afetado os monstros tornando-os ainda mais agressivos e difíceis de ser derrubados. Aqueles que estão sob esse efeito lideram debandadas, derrubam espólios melhores e abrem espaço para missões especiais onde devemos proteger a Aldeia. Essas missões que são nomeadas Missões de Frenesi, como um Tower Defense, consiste em conter as hordas que querem invadir a Aldeia. Para isso planejamos o campo de batalha antes de começar a primeira onda, colocando armadilhas, balistas, ou até mesmo invocando membros da comunidade para ajudar. Missões da Aldeia (entregues por Hinoa) e missões da Guilda (entregues por Minoto) ainda são as principais sensações, portanto as Missões de Frenesi serão de menor recorrência.
A Gameplay
A premissa de Monster Hunter Rise é manter a mesma “pegada” que consagrou a série, com combates desproporcionais contra monstros colossais, exigindo paciência e habilidade para manusear a arma certa para desviar de ataques constantes. Além da caça, capturar monstros é uma opção viável diante de uma presa inquieta e difícil de ser finalizada. Alguns itens só vão aparecer quebrando partes dos monstros ou cortando sua cauda. As armas determinam seu estilo de combate e a maneira como você vai colaborar quando jogar em equipe. O universo de Monster Hunter Rise é vasto, repleto de informações e ainda possui um idioma próprio falado. Não existe exagero nenhum em dizer que o jogo é pensado de maneira minuciosa, elevando a imersão. Para o entendimento completo de cada coisa que a princípio pode assustar, temos pela primeira vez um Monster Hunter em console Nintendo com legendas em Português do Brasil. Portanto, diante de vários tutoriais que são recorrentes no jogo, algo que poderia ser maçante se torna auto explicativo e necessário.
Mesmo que seja muito parecido com jogos anteriores da franquia, o novo jogo da Capcom evoluiu, melhorando a experiência no sentido de tornar o jogo mais dinâmico. Tempos de carregamentos entre uma área e outra do mapa não existem; sendo assim, podemos ver os monstros ao longe estando em área de numeração diferente. Itens coletados são adicionados ao inventário mais rapidamente, sem animações desnecessárias, tudo para o bem estar do caçador que deseja chegar o mais rápido possível ao local de sua presa. Todo dinamismo destacado se completa com a nova mecânica Cabinseto; o cartão de visitas de Monster Hunter Rise, consiste em utilizar um inseto que se estica como uma espécie de gancho, permitindo o deslocamento rápido ao escalar ou atravessar por superfícies rochosas. Os Cabinsetos também são uteis em combates. Causam danos consideráveis quando acionados e servem de impulso para montar em um monstro. As opções de estilo de ataque do Cabinseto é variável de acordo com a arma que se está usando, podendo ser selecionado pelo jogador.
Segura Peão!
A montaria de monstros está um pouco diferente de como estávamos acostumados em Monster Hunter 4. Ao invés de tentar se manter nas costas do bicho ao mesmo tempo que fatiamos seu couro, Em Rise, a montaria te dá o controle desenfreado do monstro — podendo utilizar suas habilidades quando começamos uma briga entre dois monstros grandes se estes estiverem próximos. Confesso que a montaria anterior do jogo de 3DS era mais interessante, divertida e emocionante. Até builds eram construídas em cima do sonho de ser o maior dos peões de boiadeiro, abusando das joias que aumentavam a chance de sucesso da montaria; em Rise é apenas um complemento, algo que realmente passa despercebido, ineficaz e chato em alguns momentos. Em contrapartida, agora temos um cachorro como companheiro de batalha e montaria para se locomover rapidamente, isso sim é o máximo. Outro ponto a ser lembrado é a possibilidade de usar itens em cima do cão em movimento. Por exemplo, o monstro que está sendo caçado vai ter seu momento de fraqueza, onde ele prefere tentar escapar. No intervalo de perseguição, podemos estar afiando a arma ou restabelecendo nossa vida/stamina apesar de estar em movimento.
As Maravilhas do território Oriental
A franquia dessa vez resolveu adotar uma temática Oriental, passando por cenários característicos, comida típica e trilhas sonoras conduzidas por instrumentos predominantes na era do Japão Feudal. A Aldeia, é o lugar onde vamos passar grande parte do tempo, organizando inventário, produzindo equipamentos ou recebendo missões. Outras áreas estão atreladas a Aldeia, como a área de encontro e praça dos amigos. A área de encontro é o modo online tão cobiçado pelo jogador, que fornecerá missões de maior desafio com dificuldade ajustada proporcional a quantidade de membros da party. Concluir missões neste local, agrega níveis ao seu personagem após a conclusão de todas as missões “chaves” dentro de um rank estrela. NPCs que desempenham as mesmas funções na área onde estão as missões da campanha, estarão a postos também nessa área. A praça dos amigos, é o local criado para gerenciarmos nossos fiéis companheiros (gatos e cães), recrutando mais deles como membros da equipe, ou enviando os bichos em expedições para coleta de itens. Seus inseparáveis amigos animais são excelentes ajudantes de batalha, estão sempre aumentando seus níveis e habilidades. Para recompensar seus serviços prestados, temos a disposição de um ferreiro próprio com especialização na construção de equipamentos para eles — isso mesmo! Cada equipamento construído visando seu personagem, gera restos para deixar seus companheiros estilosos e protegidos.
Vai um Dango aí?
Os gatos, mascotes da franquia, novamente estão por toda parte, se envolvendo em combates e exercendo funções de NPCs: mercadores, cozinheiros, entre outras. O prato típico da Aldeia Kamura são os Dangos, o popular bolinho doce Japonês servido no espeto. A variação na criação de um Dango resulta em diferentes status, sendo possível salvar suas combinações favoritas para serem utilizadas como atalho. Na parte da lista de criação dos itens, podemos deixar marcada a opção que cria automaticamente; assim, quando um mel entra no seu inventário, ele logo procura uma poção para que seja criada uma Mega poção. Diante de tantas informações e novidades é impossível não destacar como está belíssimo o design gráfico, repleto pelas paisagens Orientais muito bem retratadas e trilhas musicais muito bem executadas. É um trabalho excepcional realizado pela Capcom. A RE Engine explorou a capacidade do Nintendo Switch de maneira exemplar, revelando um poder que não sabíamos que poderia sair de um console tão pequeno. Efeitos de movimentação dos monstros ficaram mais nítidos e reais. Para o caçador de longa data, ver monstros como Rhatalos, Zinogre , Diablos e Rathian no auge da boa forma, aflora sentimentos de nostalgia e admiração. A adição de novos monstros também são os atrativo que envolve a campanha, principalmente pelo monstro da capa — Magnamalo. Por diversas vezes ouviremos esse nome, em meio ao caos causado pelo Frenesi. Nas canções temos vocais que são inspiradores, como os da tela de início — cantada por uma das irmãs gêmeas marcantes (Hinoa e Minoto) que cuida das missões. Depois de partir para uma missão de caça a um monstro grande, sempre podemos conferir uma breve introdução cinemática narrando a chegada do monstro correspondente, envolta por instrumentais populares da terra do Sol Nascente que deixa tudo mais empolgante.
Uma Campanha necessária
Todos sabem do esforço para que Monster Hunter possa ser aproveitado de maneira cooperativa, mas sua campanha não pode ser descartada. Mesmo que não exista uma ênfase em história, a campanha ajuda na construção de um personagem forte para embarcar no modo online. Toda progressão habilita novos itens no mercador e missões secundárias que estão sempre fornecendo itens para aumentar a defesa da armadura. As missões principais da campanha acompanham o mesmo esquema de divisão proposta no online; com estrelas indicando o nível de dificuldade. Tem sempre alguma novidade surgindo na Aldeia Kamura, isso ajuda a campanha a não se tornar exaustiva a medida que realizamos missões sucessivamente. A alta dificuldade imposta por jogos da franquia Monster Hunter é um mito que deve ser quebrado. Antes de taxar esse tema, devemos levar em conta que caçar monstros precisa de um tempo de adaptação. Adaptar aprendendo os princípios básicos de como evitar ataques, utilizar itens no momento certo e saber aproveitar das fraquezas e resistências elementais, fazem parte do pacote para uma caminhada menos árdua. Cada monstro carrega consigo partes para formar novos equipamentos, sendo assim é interessante se atualizar a medida do avanço. O set completo de um determinado monstro resultará em um ganho maior de status, por isso é recomendado repetir missões. Nem todo item derrubado será tão fácil de alcançar, e é esse o grande “barato” — a sensação da conquista após um esforço.
Edição Especial
Um jogo desse tamanho não podia deixar faltar uma edição especial a altura. Com temática representando símbolos da série e Magnamalo, o Nintendo Switch especial de Monster Hunter Rise tem a cor cinza e detalhes dourados tanto nos Joy-Cons, Dock e parte traseira do console. A edição ainda conta com um uma versão digital Deluxe do game, a mais completa da eShop.
Além do Console, um Pro Controller com a imagem do Magnamalo está disponível para compra separadamente.
Amiibos não podiam faltar também!
Conclusão
Monster Hunter é uma joia já lapidada pelo tempo, que não desgasta e nem diminui seu padrão de qualidade. Evolui, reformula ideias, mas jamais perde sua essência. Monster Hunter Rise trás consigo um dos melhores gráficos a serem apreciados no Nintendo Switch. Caprichado ao extremo, a portabilidade do console trabalha a favor para deixa-lo ainda mais belo. Desafiante, recompensador e diversificado. Corajoso o suficiente para se impor e carregar um legado. Ótima relação Custo x Benefício pelas infinitas horas de gameplay. Em qualquer circunstância, estar com um, dois ou três amigos será sempre o melhor jeito de jogar Monster Hunter Rise — ouse experimentar.
Monster Hunter Rise foi lançado no dia 26 de Março e pode ser adquirido na eShop brasileira pelo valor de R$249.90. A versão demo também está disponível. Vale lembrar que o jogo tem a classificação etária “T” (Teen: não recomendado para menores de 13 anos).
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Nota do Editor: Monster Hunter Rise foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Nintendo para avaliação.]
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