Nos últimos dias, a comunidade Nintendista foi bombardeada com promoções imperdíveis e modos facilitados para adquirir jogos e tudo isso por conta da loja virtual da Nintendo na Argentina (leia mais nessa matéria). Porém, a partir da data de hoje, dia 18/08, ao tentar realizar qualquer compra no site hermano você é deparado com a seguinte informação:
Então sim, mesmo sem um comunicado oficial, se atente: no momento não está sendo possível realizar compras na eShop da Argentina com qualquer cartão emitido no Brasil. Ainda não há mais informações se isso se aplica apenas a eShop do país latino ou para todas as eShops.
Atrelado a isso, é bom que alguns pontos fatuais sejam destacados:
A limitação da eShop argentina não é uma mera decisão da Nintendo em tentar defender um lucro. É importante lembrar que os jogos no país estão com um preço reduzido diante da desvalorização da moeda argentina no mundo todo, por conta de uma crise econômica que assola o país há anos e que apresenta caminhos improváveis para curto prazo de recuperação.
Desde a divulgação do resultado das prévias para presidência, com eleições marcadas para o dia 22 de outubro, a situação da Argentina piorou ainda mais. Um peso argentino, que antes valia espantosos R$ 0,017 passou a valer R$ 0,014. Isso tem resultado um agravamento da crise, com comerciantes sequer sabendo como precificar os produtos, conforme foi noticiado nessa matéria do o Globo.
A dolarização (trocar a moeda pelo dólar) é uma das propostas do possível candidato a presidencia, Javier Milei, que desde que seu resultado da vitória das preliminares fora divulgada, o peso-argentino teve uma desvalorização frente ao dólar de 20%, mas é um caminho que já vem sendo explorado por alguns setores da economia, conforme matéria da XP, que conta um pouco da crise que pode ser observada aqui.
Abaixo, um trecho da matéria que mostra sobre o uso do dólar já em alguns setores da economia.
Em alguns setores da economia, como o mercado imobiliário, a moeda considerada já é o dólar. O peso argentino no mercado paralelo vale quase a metade comparado com o câmbio oficial. A criação deste cambio reflete a falta de confiança na moeda doméstica após traumas recorrentes.
Dito tudo isso, é possível então crer que a limitação imposta pela Nintendo foi um caminho natural por tudo que esta acontecendo no país. Independente da opinião dos preços praticados pela Nintendo ao redor do mundo, a questão é que os valores baratos, mais uma vez, são advindos de uma crise económica e não uma promoção da empresa.
Claro que essa situação chateia, quem não quer pagar pouco? Mas infelizmente a situação por lá não anda nada bem. Não é o real ou qualquer moeda que sofreu uma melhora e pudemos assim aproveitar a situação. Fazendo um paralelo a outros produtos do país, a economia argentina acaba sendo prejudicada por vender algo que de fato vale mais, o comerciante pagou mais para “adquiri-lo” e repassa-lo ao publico final, mas diante da crise, o valor do ganho se torna menor já que o dinheiro “vale menos”. Por isso é dito como natural o caminho seguido.
Comprei na eShop Argentina, minha conta sofrerá alguma sanção?
De antemão, essa pergunta tem sido feita por algumas pessoas e diante da falta de um posicionamento oficial da empresa, só podemos utilizar nossas leis para esse entendimento. Baseado por exemplo no código penal, nada pode ser considerado “crime” se não há lei expressa que assim o defina (artigo 1º Código Penal). Essa lei é um exemplo do que diz o principio da legalidade, constituição brasileira, que diz em seu artigo 5º § II, da constituição Federal:
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei
Isso significa que você não pode ser punido por algo que simplesmente não exista algo lhe proíba. Foi feita essa palestrinha para usar como exemplo que a Nintendo nunca regulamentou como errada a troca de países para o uso da eShop em um lugar que oferecia um desconto maior, nunca houve um posicionamento oficial que era vedado, pelo contrário, foi permitido isso ao longo dos anos. Então diante desse entendimento, a princípio, não há o que temer.
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