Nintendo Switch: O impacto de uma geração

Nintendo Switch: O impacto de uma geração

De Março de 2017 até Junho de 2025 são oito anos e quase três meses de distância. Socialmente falando é praticamente meia geração (já que gerações sociais costumam abranger períodos entre quinze e vinte anos) em um mundo que muda constantemente com pessoas que se apegam e desprezam na mesma velocidade e intensidade, mas ainda assim um videogame conseguiu perdurar firme e ainda brilhante por todo esse tempo.

Inovar sem reinventar

Com a baixa rentabilidade que o WiiU proporcionou, era de se esperar um temor maior sobre como seria o novo console da Nintendo. Principalmente em meio a guerra de performance e gráficos que a Sony e a Microsoft já travavam, as especulações sobre o poderio do mesmo estavam sempre em alta pois “A Nintendo virá para bater de frente” – diziam os mais entusiastas sem notar que após o Game Cube o foco mudou.

Com o acesso à internet melhor distribuído do que na época de seus antecessores, vazamentos começaram a ocorrer descontroladamente e aos poucos todos começaram a perceber que o novo console não teria tanta potência quanto desejavam. Isso minou os ânimos de alguns e atiçou a curiosidade de outros. E então nasce o Nintendo Switch, um console cujo hardware era abaixo da tecnologia da época mas trouxe algo incomparável ao mundo dos consoles de mesa: Portabilidade.

Abrindo mão de manter dois produtos paralelos sendo um portátil e outro de mesa, a união de ambos gerou uma praticidade que foi, sem sombra de dúvidas, o maior atrativo desse console que mais uma vez mostrou que jogabilidade é tão importante quanto gráfico. E seus jogos principais foram prova chave disso, pois trouxeram muitos dos comandos de movimento já conhecidos do Wii aumentando a dinâmica em diversos jogos ao mesmo tempo em que tais comandos não eram obrigatórios e podiam ser jogados em qualquer outro lugar.

E poder jogar em qualquer lugar É O DIFERENCIAL no Nintendo Switch por isso alguns sacrifícios foram necessários, o hardware paga o preço pela portabilidade, porém novamente fomos agraciados e surpreendidos com os maravilhosos jogos da casa que exploram cada bit de memória possível entregando beleza e diversão.

“Hello World!”

Embora essa frase do título seja muito usada para designar a tarefa mais simples que possa ser executada em uma linguagem de programação, aqui quero colocá-la como uma alegoria ao fato da Nintendo ter dito “Olá à todo o mundo”. É dito que se você conseguir executar a impressão de “Hello Word” em uma linguagem de programação, será capaz de usá-la por completo um dia, a Nintendo disse Olá Mundo e abriu suas portas para, o que podemos afirmar hoje ser, a maior biblioteca de jogos indies de um console.

E se eu como um desenvolvedor indie (que ainda não sou) posso publicar meu jogo no Nintendo Switch de forma oficial, quem dirá as grandes desenvolvedoras e publicadoras de toda essa indústria de jogos?

Jogos mais recentes, principalmente voltados aos consoles de ultima geração (PS5 e XBox Series S/X) não vieram ao Switch pois seu hardware era realmente abaixo dos requisitos e portar tais jogos poderia ser tão trabalhoso quanto criar um novo, portanto os principais títulos dos últimos dois anos ficaram distantes da Nintendo nesse quesito porém isso tende a mudar logo logo.

Luz em meio a escuridão

Estamos falando de quase uma década de idade e nesse período por quantas “poucas e boas” nós passamos não é mesmo? Eleições polarizadas, pandemia, guerras ao redor do mundo fazendo parte da rotina pelos canais de notícias, mais eleições, perdas materiais, perdas pessoais, dilúvios, etc…

Em meio a tantos desastres por muitas vezes nosso refugio repousava em escapar da realidade através de uma nova história que pudesse ter interações ou mesmo alguns quebra-cabeças que tomassem nosso foco e entregassem em suas cores, sua luz, fauna e flora uma possibilidade mais alegre de viver o mundo cinzento que nos rodeia. E foi assim que despretensiosamente o Nintendo Switch se tornou para muitos a principal válvula de escape, principalmente durante a pandemia onde Animal Crossing furou a bolha de seu nicho e graças as interações sociais virtuais que o jogo proporciona ajudou a suprir o efeito negativo que a reclusão forçada gerou.

Evolução compartilhada

Neste dia 05 de Junho de 2025 tivemos o lançamento oficial da evolução do que o Nintendo Switch nos trouxe. Até o momento pouco se sabe sobre todas as possibilidades desse novo console, mas já nos é garantido que muitas empresas que viam o baixo gráfico e processamento no Switch como empecilho já confirmaram seus jogos no Nintendo Switch 2, em especial podemos citar Cyberpunk 2077 e Final Fantasy 7 Remake.

Mas não foi apenas o videogame que melhorou tecnologicamente e evoluiu, eu também me sinto diferente de como era e não estou falando (só) da calvície ou das barbas brancas já fazendo volume. Falo que após esses oito anos de Nintendo Switch, do qual obtive o meu em 2018, muita coisa mudou.

O estagiário que assistiu a apresentação do novo console enquanto almoçava correndo em 2017 foi capaz de conquistar seu primeiro videogame como fruto do próprio suor um ano depois. O programador que estava realizado por trabalhar no ramo que queria pela primeira vez se viu diante de decisões críticas mas que o fizeram crescer. O analista que buscava um hobby ou simplesmente falar mais de videogame no fim do dia foi extremamente bem acolhido ao traduzir notícias aqui mesmo nesse Portal. O entusiasta passou a visitar eventos e escrever sobre eles. O redator foi convidado à assistir a premiere de Super Mario Bros. O Filme, à ir em um evento fechado de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom e Echoes of Wisdom. O editor chegou até mesmo a entrevistar Pilar Pueblita durante a BGS.

E agora, no auge desses anos, fomos convidados pela própria Nintendo a prestigiar o lançamento, em DAY ONE, do Nintendo Switch 2 aqui em São Paulo.

Sempre gostei dos consoles da Nintendo, mas o Switch tem um papel muito maior na minha vida, ele me lembra de quem eu era e de onde estou no momento. Mesmo que meu Switch já esteja cansando de tanto uso e mesmo que o NS2 venha para minhas mãos somente no futuro, esse console em específico fez parte da minha vida adulta de tal forma que jamais será esquecida.

Nintendo Switch: O impacto de uma geração
O fim dessa era merece um bom chocolate quente!

[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Desenvolvedor, gamer, marido e pai de pet. Um fã de Zelda, Monster Hunter, RPGs e Metroidvanias, que ama dar risadas, desenhar, jogar e reclamar que não tem tempo para fazer isso mais vezes.