Chamei meu filho pra uma tarde de jogatina e termos um tempo só nosso. Tirei a caixa do meu console preferido de infância de cima do guarda roupa, peguei alguns cartuchos e fui para a inglória tarefa de conectar um console velho numa TV nova. Tudo conectado (graças a um adaptador) escolhi um jogo pra jogarmos juntos e fazer aquele famoso tira-teima (perder jamais). De repente ele me olha e diz: Ah pai, não quero jogar Switch. Apertar botão é chato! Posso ir jogar com meus amigos?
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O quê dizer? Antes mesmo de poder responder ele pegou o ORV (Óculos de Realidade Virtual) e foi com os amigos jogar Mario 50 RV ou Smash Bros Universe RV. Ele não joga mais dentro de casa afirmando que não tem espaço pra correr ou pular e as melhores fases estão na rua. No meu tempo a gente sentava pra jogar e passava belas horas olhando pra TV. Agora essa geração joga tudo em RV e podem ser o Mario (ninguém nunca escolhe o Luigi) correndo e coletando moedas pra cima e pra baixo.
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Não sabem o prazer que é esperar um jogo chegar pelo correio ou baixar aqueles Gigas numa internet de fibra óptica, a espera e a ansiedade de cada Download. Agora tá tudo na “Nuvem” e pode ser acessado quase que na mesma hora, onde estiver e quando quiser por um ORV que ainda por cima é barato e acessível pois a nanotecnologia barateou tudo nessa vida (microcirurgia sem sair de casa eu gosto). Tá tudo muito fácil e de mão beijada, nem botão tem que apertar ou controle tem pra quebrar (essa parte não era legal).
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Queria ver esses “gamers” comprarem vários joycons, acessórios e lutar por cada “FPS” em cada “frame” perdido nos cartuchos amargos da vida do Switch. Jamais terão a experiência de esperar cada DLC de personagem do Smash Bros, cada novo Pokémon (novo?), Zelda e tantos outros jogos, pois agora eles mesmos podem criar e jogar na mesma hora com os amigos ou sozinhos (o Smash dele só com Yoshis é bem legalzinho), sem esperar desenvolvedores e produtoras adiarem o jogo a cada seis meses (só quem viveu sabe), sem dar satisfação.
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Acabei jogando sozinho e quando ele chegou todo suado e ofegante (ao menos eles ficam em forma) me ofereceu um suco e disse que eu precisava sair mais, que adoraria jogar mais comigo porque os pais dos amigos sempre são o Bowser pro Mario deles (hein?) . Percebi que não sou mais o público pros games e tenho que aceitar isso. Mas meu Switch vai ficar ali pra me lembrar que o passado é bom mas, o verdadeiro gamer sempre está aberto a novas aventuras. Fui (melhor ser o Bowser que o Yoshi né?).
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P.S. Esse conto se passa no futuro.
Um mega abraço. Até semana que vem!
[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]
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