– Fale!
– Eu.. não sei de… nada!
– Fale ! Agora !
– Melhor você começar a falar, ela está afiando o alicate de corte.
– Mas… eu juro… que não sei de… nada, juro.
– Você é irmão do Padre, estava na última ilha que ele destruiu, tomou vinho e saqueou a ilha. E não sabe de nada Will Sin ?
– Ele nunca… me conta nada. Ele…. AAAAAAAIIIIIIII!!!!!
– Menos 1 dedo. Faltam 4. Fala logo!
– Eu..e..eu…ju…ro… nada… sei … nada…
– Agora ela tá afiando o facão, qual mão você usa pra escrever?
– Não desmaia desgraçado, tô só aquecendo. Direita ou esquerda, Ex_killa?
– Eu sempre fui anarquista. Hahaha!
– As duas então…
– AAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIII! PAAAAARRRRRRRRAAAAAAA!!!
– É melhor cauterizar, pra ele não perder muito sangue.
– Não queima muito. Ah droga, o desgraçado desmaiou.
– Ele não vai falar, tem 4 dias que você tá cortando o cara.
– Ele vai falar. Ele sabe onde o Padre descansa a batina e planeja suas maldades. Ele vai falar!
– Acorda palhaço! Dá choque nele pra acordar o pilantra.
– AHHHHHHH! Me… mata… logo!!!
– E você acha mesmo que ela vai deixar você sair daqui lindo, leve e solto com um picolé na mão? Ops. Foi mal.
– Você morreu quando bebeu demais naquele bar e foi atrás da minha amiga no beco. Depois disso é só uma questão de quando EU vou deixar você morrer. Seu irmão também está morto. Vocês mexeram com a pata errada. Eu só queria umas moedas. Eu nunca desafiaria o seu irmão. Eu respeitava. Cada um tinha o seu lugar, a sua ilha e o seu espaço. Todos saiam felizes. Sabe o que eu mais lembro daquele dia. Um sapo. Eu caída na lama, na beira do rio, sangrando e a merda de um sapo coaxando do lado da minha cabeça e se esfregando em mim. Um sapo fedorento roçou em mim por quase uma semana. Tomo três banhos todos os dias e ainda sinto o cheiro daquele sapo nas minhas penas. Me olhando nos olhos, fedendo e sentado na poça do meu sangue. A PORRA DE UM SAPO !
– Calma.
– UM SAPO!
– AHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!! PARAAAAAAAAAA!!!!!!!
– Ai caramba, o sapo de novo, não. Fala logo!
Quer saber? Perdeu a graça !
– Presta bem atenção Will Sin. Eu vou queimar esse barraco e ficar olhando sem pressa até sobrarem só as cinzas com a sua carne assada dentro. Aqui é o seu caixão e crematório. Eu vou explodir o que sobrar pra não ter nada pro seu irmão enterrar. Coloca as mãos dele na sacola, quero de troféu.
– Tem que empalhar.
– Eu pago.
– Mas tem que ser no Fuinha, o outro cara faz mal feito.
– O Fuinha cobra muito caro.
– Eu… falo!
– Cobra caro, mas não fica cheiro de carne podre na casa.
– Eu…. falo!!
– Uma cabeça. Ele só errou naquela cabeça da sala de jantar.
– Ele só empalhou aquela cabeça da sala de jantar. Ainda bem.
– EU… DISSE… QUE FALO !!!
– Canta curió!
– A… ilha do… Criador. Ele… mora na ilha… do Criador. Nascemos… lá e sempre… moramos lá.
– A ilha é uma lenda. Ninguém nunca viu.
– Quem…. viu, morreu. Nós… criamos a… lenda. Qualquer… um que pisasse… nela, morria. E nós…. cof… espalhamos a… lenda nos…. bares e… tavernas. Bêbados são… ó……timos ouvintes….. e reprodutores…. de lendas.
– Valeu, Marreco. Mas como eu chego lá?
– É… só …ir onde não…. tem ilha no… mapa. A parte…. vermelha.
– A parte dos monstros?
– Outra lenda?
– S…im.
– Eu ainda vou queimar o barraco, você quer uma bala de misericórdia?
– S..sim…por…favor…
– É, ele falou mesmo.
Elas pegaram suas coisas e atearam fogo no barraco. Ela olhava para o mapa e para o barraco em chamas. Ex_killa dormiu. Ketchup olhou até a chama se apagar e a última brasa parar de brilhar. Era hora de partir.
Ele não teve a bala de misericórdia.
– Um sapo.
Continua…
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