Que falta fazem as locadoras de games nesses tempos caros de pandemia

Que falta fazem as locadoras de games nesses tempos caros de pandemia

Oi, tudo bem? Não vou negar que essa coluna é carregada de nostálgica e saudosismo porém, não são sentimentos relacionados ao fato de poder alugar jogos novos ou repetidos naquele lugar mágico. Já falei sobre isso com amor na minha primeira coluna Eu alugo, você entrega ?. As locadoras de vídeos e games estão guardadas no coração dos gamers mais velhos treinados e surrados por jogos de fim de semana

A questão aqui é um pouco mais complexa de um ponto de vista financeiro, sociológico e por que não humanitário. O acesso aos mais variados jogos por preços mais acessíveis dentro de um sistema de consignação individual de 2 à 3 dias fornecido por um estabelecimento especializado em diversão. Alugar um joguinho maroto sem compromisso por um final de semana sem a obrigação de comprar. Simples assim.

Nesses tempos pandêmicos e pouco confiáveis, sobre vários aspectos, dificilmente o gamer pai de família ou dependente daquela santa e tão esperada “mesada” conseguem pagar 300 reais em jogos recém lançados. Salvo aquele 13° salário devidamente negociado com a digníssima esposa ou aquele presente de Natal/Niver chorado sobre notas 10 no boletim, as opções são as poucas promoções nas lojas físicas/virtuais, os games indies ou mais antigos. Deixar o jogo envelhecer assistindo seu preço minguar a conta gotas acaba sendo uma opção entretanto, ainda não é essa a questão aqui.

A questão é poder ter acesso aos lançamentos por um preço baixo, sem dividir conta ou pegar emprestado, apenas naqueles dias e curtir a jogatina pela madrugada enquanto a implacável segunda-feira de labuta não se aproxima depois do “Corujão”. Uma forma mais equânime para que todos pudessem ter aquele prazer momentâneo dentro de suas possibilidades e capacidades financeiras e sociais. Quem quer e pode, compra, quem quer e não pode, aluga.

Estendo essa ideia inovadoramente velha aos consoles de todas as gerações. Imagine alugar um Atari 2600 com Enduro e Pitfall por uns dias? Ou aquele gamer da comunidade poder jogar Super Mario Maker 2 ou Breath of the Wild num Switch por um fim de semana com os amigos ou irmãos? Conhecer, detonar, perder e ganhar com um console diferente por um valor justo sempre que aquele trocado do mercado ficasse “esquecido” no bolso da bermuda até a sexta-feira. Juntar a turma pra um domingo de churrasco onde cada um leva um console e os jogos que alugou. Quantos pais não trocariam nos dias de hoje o celular que não sai das mãos dos mais novos da residência pela chance de apresentar jogos antigos clássicos nos respectivos consoles sem gastar muito?

Sei que muitos estão retrucando mental ou verbalmente : Ah, mas tem emulador! Ah, mas tem jogo no celular! Ah, é só economizar que compra! Ah, cada um com seus problemas!

É nessa parte que entra a condição humanitária em democratizar a experiência / vivência justa de uma aventura virtual no momento do seu hype. Ampliar o público atingido não só por uma, mas por todas as gerações de consoles já criados. Possibilitar que o mais fragilizado da nossa injusta sociedade tenha um momento de diversão com um jogo “saindo do forno” da mesma forma que o “gamer youtuber” na sua cadeira de 3000 reais rodeada de colecionáveis e afins. Viver na tela o presente e o passado sem abrir mão do futuro. Transformar em horizontal no que hoje é dolorosamente vertical.

Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único. Eu espero que um dia, você se junte a nós, e o mundo gamer possa ser um só.

Um mega abraço.

Até semana que vem….

No amor do próximo o pobre é rico; sem amor do próximo o rico é pobre.

Santo Agostinho


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Nerd, nostálgico, pai e professor. Reclamador profissional com PHD em Harvard. Conheço o Mario, e daí? Assopra a fita e bora jogar! Canal Juninhos Fun Club no Youtube!!!