Após tantos ports de jogos do Wii U para o Nintendo Switch (alguns importantíssimos, outros nem tanto) chegou a hora daquele que é uma verdadeira obra de arte, mas que nem todo mundo pode ter acesso em seu lançamento original. Obviamente estamos falando de Super Mario 3D World! Porém ele não vem sozinho para o Switch, pelo contrário ele vem recheado de novidades e aqui não estamos nos referindo a conteúdos discretos como em alguns outros ports anteriores que fizeram isso e ganharam o adjetivo “deluxe” ou “definitive edition”. Não meus queridos amigos! Estamos falando de um conteúdo extra realmente robusto, no nível quase (e me dói falar quase aqui nesse contexto) um novo jogo. Esse é Bowser’s Fury!
Como se tratam de jogos distintos, farei a opção de tratá-los de maneira separada para o melhor entendimento de alguns pontos.
Isso é Mario 3D mesmo?
Antes de tudo eu preciso manifestar aqui a minha alegria com esse port. Não fui dono de Wii U (na época, hoje sim tenho essa belezura aqui) e nem tinha amigos para poder jogar Super Mario 3d World no console original. Mas sempre que eu podia ter algum contato com ele me fascinava. Esse encantando, obviamente, era com o mundo mágico em HD que o jogo proporcionava, mas, além disso, um estilo de jogo totalmente diferente dos seus antecessores.
Dentro da franquia super Mario você possui 2 linhas de jogo (Sem contar os inúmeros Spin Off): Jogos 3d e jogos 2d. O primeiro grupo é considerado hoje como a linha principal da série, os que recebem maior acolhida por parte dos jogadores e da crítica. Já a segunda linha, a dos jogos 2d, segue o estilo clássico criado ainda no NES e o aperfeiçoa a cada novo jogo, introduzindo novos powerups e mecânicas diversas. Bem, nenhum grande novidade para vocês, acredito. A questão é: Onde Super Mario 3d World se encaixa? Já adianto a resposta: em nenhuma delas!
Super Mario 3d World mescla a liberdade dos jogos 3d com cenários amplos e cheio de locais para exploração com diversos elementos 2d da franquia, trazendo assim a familiaridade para os fãs amantes do estilo ressuscitado com New Super Mario Bros. Talvez lendo você não consiga entender ou acreditar que isso seja possível, mas posso te garantir: Essa mistura funciona perfeitamente e faz com que o jogo seja extremamente divertido tanto em modo Single Player como no Multiplayer!
No meio do caminho existia um cano
O roteiro do jogo em si é bem simples (até porque não dá para esperar de Mario algo extremamente elaborado né): Durante um passeio pelo reino dos Cogumelos Mario, Luigi, Peach e Toad encontram um estranho cano transparente quebrado e resolvem concertá-lo. Após isso vários itens acabam saindo do cano junto de uma espécie de fadinha verde. Essa fadinha nada mais é que uma das princesas Sprixie que governam o chamado Sprixie Kingdon. Ela foi a única que conseguiu fugir de Bowser que capturou todas as demais princesas. Isso dura pouco pois logo ela também é capturada e, como Mario não pode ver uma princesa em perigo, o grupo resolve aceitar essa missão e libertar as governantes de Sprixie Kingdon.
Em partes Sprixie Kingdon se assemelha bastante ao Mushroon Kingdon, lar de nossos protagonistas, trazendo mundos diferenciados em cada uma das partes que o compõe, algo que é típico nos jogos Mario. Cada um dos mundos possui temáticas próprias levando você dos terrenos mais simples como num deserto ou um mundo de Gelo até outros mais elaborados como um parque de diversões. Esse reino rico também nos apresenta novos powerups na franquia, com um especial destaque para o Super Bell que e dá o poder de gatinho (é muito fofinho isso!)
Sim, temos novidades!
Até aqui, nada novo sob o sol. Tudo o que falamos está presente na versão de Wii U. Porém esse port possui sim muitos elementos significativos para o jogo, a começar pelo aumento de velocidade dos personagens. Foi feito um ajuste de 20% em relação aos personagens originais. Isso foi um excelente aditivo para o jogo. Quem teve contato com a versão do Wii U sabe que, em alguns momentos, se tinha impressão de o jogo ser lento demais (no que diz respeito a movimentação), principalmente quando se controlava a Peach. Com esse ajuste o jogo parece mais fluido, divertido e desafiador (Com o Toad principalmente, ele é muito rápido).
Outro grande acréscimo foi o modo fotografia! Com os cenários belíssimos do jogo, tirar um print para compartilhar nas redes sociais é fundamental. Mas para além disso, com esse modo você pode criar cenários incríveis e utilizar efeitos deslumbrantes. Vale ressaltar que é o mesmo modo presente em Super Mario Odyssey, isso inclui as mesmas funções e filtros já conhecidos, porém com um acréscimo: O uso de estampas adquiridas em cada fase. Na versão do Wii U essas estampas (ou carimbos) eram utilizadas no Miiverse, uma rede social das plataformas Nintendo. Quando anunciaram o port de Super Mario 3d World logo surgiu a dúvida: o que será feito das estampas? A resposta está aqui: Elas são utilizadas no modo fotografia, onde você pode literalmente colá-las no cenário para tirar suas fotos e compartilhar com seus amigos. Uma saída genial!
Mas o grande destaque dentre as novidades dessa versão está no Multiplayer. Todo o jogo foi desenvolvido para ser jogado tanto sozinho quanto com os amigos. Porém, originalmente jogar cooperativamente só era possível de maneira presencial. Agora, em 2021, no meio de uma pandemia, isso se torna extremamente frustrante. Bem, seus problemas acabaram! Apresento a vocês a supermáquina… não, pera, volta rsrs Temos o Multiplayer online! Sim! É o mínimo que queríamos né, mas é isso, temos que comemorar!
Após esses breves comentários sobre Super Mario 3d World vamos à cereja do bolo: Bowser’s Fury!
Um novo jogo
Totalmente desvinculado de Super Mario 3d World a Nintendo nos presentou com essa aventura stand alone intitulada Bowser’s Fury. Ela traz sua inspiração em super Mario 3d World, utilizando seus itens e inimigos, mas não se pode negar a total influência de Super Mario Odyssey, trazendo câmera e movimentação livre, o que faz dele um jogo realmente 3d do Mario.
Seu plot é um pouco mais interessante que os demais jogos da franquia, continuamos salvando alguém, mas não mais uma princesa indefesa, mas sim o próprio Bowser. Mario estava caminhando (como sempre) pelo Mushroon Kingdon até encontrar vários respingos de uma espécie de tinta preta no chão. No fim da trilha ele acaba sendo engolido por essa tinta e levado até um sombrio mundo desconhecido onde se depara com um Bowser gigante destruindo tudo! Após um breve confronto com seu inimigo mortal Mario encontra uma espécie de moeda com cara de gato que acende um farol e espanta o Bowser gigante que acaba se refugiando no meio dessa estranha tinta (que remete ao plot de Super Mario Sunshine). Com tudo mais tranquilo Mario descobre que está no chamado Lake Lapcat, um vasto mundo aquático formado com diversas ilhas repletas de gatinhos e vários inimigos (também com temáticas de gatinhos).
Em uma dessas ilhas podemos encontrar Bowser Jr desesperado pois seu Pai foi denominado por essa tinta maligna. Os dois se unem nessa jornada para libertar Bowser. Quando digo se unir é unir Mesmo, pois Bowser Jr é um aliado que irá te ajudar a todo momento, seja atacando inimigos, liberando itens escondidos entre outras funções (Você pode usar ele até de trampolim se quiser). Você pode escolher se quer ele te ajudando mais (o que facilita o jogo) ou não nas configurações do jogo, mas também pode deixar que algum amigo seu o controle. Não é uma experiência muito boa, mas vale pela função extra no jogo.
Mas, ainda temos a pergunta fundamental para essa união de personagens: de que forma vamos derrotar o Bowser? Conseguindo os chamados Cat. Shines (ou “Sol Felino” na versão em português. Sim o jogo está totalmente em português de Portugal) para assim liberar o poderoso Giga Bell que transforma Mario em um gato gigante capaz de confrontar Bowser nessa nova forma que assumiu.
Esse bicho não me dá sossego…
O Lake Lapcat é realmente muito vasto, cheio de ilhas temáticas e desafios diversos para você enfrentar. Cada uma dessas ilhas possui um farol que serve como contador para o número de Cat Shines coletados em cada ilha. Esses faróis também foram dominados pela tinta maligna e precisam ser purificados pelos Cat Shines. Uma vez feito isso, novas áreas serão liberadas para que você possa seguir sua aventura. Cada ilha possui 5 Cat Shines que devem ser coletados. Somados os Cat Shines das ilhas mais os que são colocados avulsos pelo mapa temos o total de 100 Cat Shines para serem coletados, uma quantidade consideravelmente grande para uma DLC, mas pequena para um jogo novo do Mario.
Mas não pense que é só ir às ilhas e pegar os Cat Shines de maneira tranquila. Bowser estará sempre vindo te atacar com bolas de fogo, estacas que caem do céu (e acabam servindo tanto como empecilho quanto plataforma para acessar novos lugares). Aqui você precisará fazer uma opção rápida: Ou desviar de seus ataques até que o inimigo canse e tudo volte ao normal ou encontrar um Cat Shine para acender o farol e forçar ele a voltar ao seu descanso. A todo momento isso vai acontecer, quando você menos esperar a música do jogo muda, começa a chover e logo você está na batalha contra Bowser. Apesar de ser frustrante as vezes, esse é o grande charme do jogo, te cobrar uma resposta rápida para que você possa sair vivo. No início parece difícil, mas depois que você pega o jeito tudo se torna até muito fácil a meu ver, principalmente com a quantidade de itens disponíveis e o novo sistema criado para utilizá-los que funciona como uma espécie de inventário. Você pode guardar até 5 itens de cada tipo e usá-los na hora que bem entender. Logo se o Bowser está te dando trabalho, use itens e você dificilmente vai morrer.
Essa água toda é o nosso reino
Todo o jogo se passa em um lago e obviamente água é o que não falta aqui. Eu confesso que quando vi os primeiros trailers desse modo de jogo isso me deixou bastante preocupado, porém ao jogar pela primeira vez tive a resposta que queria: Funciona.
A separação das ilhas faz com que cada uma delas tenha suas próprias características tais como inimigos, itens, tipos de desafio. A água favoreceu demais esses elementos serem únicos no jogo. E para sanar o problema da movimentação na água temos a presença do carismático Plessie, um dinossauro aquático que você pode controlar para chegar de maneira rápida a cada nova ilha ou mesmo realizar desafios próprios para conseguir Cat Shines. Nos pós game também surge uma nova possibilidade de movimentação, mas deixarei essa informação para vocês descobrirem (Nada de spoilers por aqui)
É hora de derrotar esse monstro
O ápice de Bowser’s Fury se dá nos combates contra o Bowser gigante, que não deixam nada a dever as lutas de Kaijus tão populares no Japão. Para enfrentar Bowser você precisará liberar os Giga Bells, um sino gigante que está presente em algumas ilhas. Para isso um número de Cat Shines será solicitado (assim como acontece nos jogos passados com o número de estrelas para liberar uma nova fase). Feito isso é só pegar o sino e se transformar em uma espécie de “super Saijin gatinho gigante” e derrotar o monstro sem dó nem piedade.
A luta acontece de igual para a igual, você vai precisar buscar uma brecha para acertar golpes certeiros em Bowser. Mas fica aqui uma dica: Recolher um Cat Shine quando o Bowser se transforma faz com que ele perca um pouco de sua vida, o que facilita bastante o confronto de gigantes posteriormente.
Derrotado o Bowser acabou o jogo? Obvio que não! Você irá enfrentá-lo diversas vezes, e a cada vitória novas áreas são liberadas para que você continue avançando e descobrindo novas ilhas.
A beleza tem seu preço
Não resta dúvidas que Bowser’s Fury é um jogo belíssimo! Digno realmente de um jogo principal da franquia Mario. Ele usa e abusa das capacidades do Switch, e colocando em cenários vastos e ricos com uma gostosa fluidez de 60 fps. Isso quando se joga na TV. Já no modo portátil temos o jogo a 30fps, o que não é ruim, continua sendo uma boa experiência para todos os jogadores (mas eu recomendo jogar na TV pois é muito mais gostoso ok?)
Porém toda essa beleza tem seu preço. À medida que você avança no jogo as ilhas se tornam mais complexas e cheias de novos elementos. Isso é algo fantástico! Mas em alguns momentos pude perceber que essa riqueza toda acaba pesando na fluidez do jogo. Foram raras as vezes, mas pude sim perceber uma ligeira queda de fps em momentos específicos do jogo, principalmente em alguns momentos em que Bowser aparecia para atacar e eu estava em algumas ilhas com muitos inimigos ou elementos de cenário. Vale ressaltar: Existem esses momentos, mas eles são raros e pontuais, nada que vá te atrapalhar ou mesmo incomodar, até porque não fica muito abaixo da taxa de quadros original do jogo.
Outro ponto negativo é a repetição. Como disse anteriormente cada ilha possui 5 Cat Shines para serem conquistados, e 2 deles você pode ter certeza de que serão coletar 5 moedas e outro fazer o Bowser destruir um conjunto de blocos com a sua marca. É legal no início, mas depois de um certo tempo fica repetitivo. Poderiam ter sido um pouco mais criativos nesse ponto.
Agora um ponto positivo (e negativo ao mesmo tempo) são as mudanças que as ilhas sofrem à medida que você consegue um novo Cat Shine. Isso é algo presente em jogos 3d do Mario, onde cada estrela que você coleta abre novos desafios na mesma fase. Gosto disso pois traz novos desafios para o jogo, mas aqui existe um pequeno problema que é o fato de você as vezes se perder nessas mudanças. Elas não ocorrem imediatamente, mas só depois de você visitar outra ilha e retornar para anterior. Por vezes fiquei procurando algum Cat Shine que faltava e não achava, acabava desistindo e indo para outra ilha e quando retornava tudo estava diferente. É divertido, pois dá um novo ar para o jogo, mas é um pouco frustrante porque você pode passar batido e nem retornar para aquela ilha pois não fazia ideia que ela iria mudar.
Um caminho para o futuro
Sem sombra de dúvidas Bowser Fury será considerado um marco na franquia super Mario por saber ousar em sua criatividade. Temos aqui um relance de como podem ser os futuros jogos do Mario: um amplo mundo aberto formado de regiões menores (e isso não significa algo pequeno) repleta de desafios diversificados. Confesso que vejo Bowser’s Fury como um grande laboratório para a franquia, para testar novas possibilidades e arriscar sem medo das consequências e espero que sirva realmente para o que vem por aí.
O jogo em si é pequeno, você consegue terminá-lo com menos de 3h e fazer 100% com 5h, porém se você, assim como eu, gosta de ficar explorando e conhecendo cada ponto do mapa você terá mais tempo de jogatina do que isso, pode acreditar.
É bom mesmo?
Sem sombra de dúvidas a união entre Super Mario 3d World e Bowser’s Fury foi uma grata surpresa para os amantes do encanador mais famoso do mundo. Duas propostas diferentes que se unem e que fazem desse pacote algo essencial para os donos de Switch. Rejogar Super Mario 3d World tem sido uma experiencia prazerosa e conhecer o mundo de Bowser’s Fury algo que me encheu os olhos e esperanças para o futuro. Assim, digo com toda a certeza: Super Mario 3d World + Bowser’s Fury é um jogo para fã nenhum botar defeitos!
[Nota do Editor: Super Mario 3d World + Bowser’s Fury foi analisado de uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Nintendo para avaliação.]
Deixar uma resposta