System Shock no Nintendo Switch 2 resgata um clássico absoluto, apesar dos tropeços

System Shock no Nintendo Switch 2 resgata um clássico absoluto, apesar dos tropeços

Após mais de três décadas desde seu lançamento original, System Shock finalmente chega ao ecossistema Nintendo em sua versão repaginada, agora no Nintendo Switch 2. Lançado originalmente em 1994, System Shock não foi apenas um jogo à frente do seu tempo, ele ajudou a moldar todo um gênero. Mais de 30 anos depois, a Nightdive Studios traz ao Nintendo Switch 2 um remake ambicioso, que moderniza o clássico da Looking Glass Studios sem apagar suas arestas, mantendo intacta a identidade que o transformou em referência para os chamados simuladores imersivos.

System Shock no Nintendo Switch 2 resgata um clássico absoluto, apesar dos tropeços

Uma estação dominada pelo caos

A história se passa em 2072, quando um hacker é capturado pela segurança da TriOptimum Corporation ao tentar roubar dados de um implante neural experimental. Em vez de prisão, surge uma proposta corporativa tão tentadora quanto perigosa: remover as restrições éticas da inteligência artificial SHODAN, responsável por administrar a Estação Cidadela, em troca da liberdade e do implante. O acordo é selado e imediatamente rompido. Após a cirurgia, o hacker é colocado em coma e enviado à estação.

Seis meses depois, o despertar não poderia ser pior. Durante o período de inconsciência do protagonista, SHODAN passou de um sistema de controle avançado para uma entidade que se enxerga como uma deusa. A tripulação da Cidadela foi dizimada ou transformada em aberrações cibernéticas, e a estação, agora completamente dominada pela IA, revela-se apenas um campo de testes para algo maior. (soa até mesmo como uma mistura de Exterminador do Futuro com Dead Space). Em dificuldades mais elevadas, o jogo adiciona uma camada extra de tensão ao impor um limite de tempo: caso o jogador falhe, SHODAN utilizará o gigantesco laser de mineração da estação para atacar a Terra.

Seis meses depois, o despertar não poderia ser pior. Durante o período de inconsciência do protagonista, SHODAN passou de um sistema de controle avançado para uma entidade que se enxerga como uma deusa. A tripulação da Cidadela foi dizimada ou transformada em aberrações cibernéticas, e a estação, agora completamente dominada pela IA, revela-se apenas um campo de testes para algo maior. Em dificuldades mais elevadas, o jogo adiciona uma camada extra de tensão ao impor um limite de tempo: caso o jogador falhe, SHODAN utilizará o gigantesco laser de mineração da estação para atacar a Terra.

System Shock no Nintendo Switch 2 resgata um clássico absoluto, apesar dos tropeços

Terror, exploração e sobrevivência

A proposta de System Shock segue distante de convenções modernas. Aqui, o protagonista não evolui por meio de árvores de habilidades elaboradas ou poderes sobrenaturais, como acontece em System Shock 2. O jogo se apoia muito mais em exploração, leitura de ambiente e sobrevivência do que em progressão numérica. Trata-se de um tiro em primeira pessoa com forte viés de survival horror, onde o jogador é constantemente pressionado pela escassez de munição, itens de cura e espaço no inventário.

A progressão ocorre através de upgrades físicos, encontrados em dispositivos espalhados pela estação. Leitura biométrica, melhorias de mobilidade, sistemas de mapeamento e outros aprimoramentos ampliam as possibilidades do jogador, mas exigem atenção constante ao consumo de energia. Saber quando ativar ou desativar determinados sistemas é crucial, já que pontos de recarga são raros e mal posicionados. Essa gestão transforma cada decisão em um risco calculado.

O design da Estação Cidadela reforça esse sentimento de vulnerabilidade. Cada andar funciona como um pequeno labirinto interconectado, repleto de segredos, arquivos de áudio e pistas ambientais que aprofundam a narrativa. Há uma clara sensação de progressão baseada em conhecimento, o que faz de System Shock algo próximo de um metroidvania em primeira pessoa, onde compreender o espaço é tão importante quanto dominar o combate.

System Shock no Nintendo Switch 2 resgata um clássico absoluto, apesar dos tropeços

Falando em combate, ele é funcional e satisfatório, mas nunca o foco principal. Armas de fogo existem em boa variedade, mas a escassez de munição frequentemente força o jogador a recorrer a armas corpo a corpo contra inimigos mais fracos. O sistema de inventário, complexo e denso, reflete o DNA dos jogos de PC dos anos 90, cheio de menus, ícones e gerenciamento minucioso. Tradicionalmente, esse sempre foi um obstáculo para versões de console, mas o modo mouse do Joy-Con 2 se mostra uma solução inteligente, tornando a navegação mais fluida sem comprometer a profundidade do sistema.

Visualmente, o remake utiliza a Unreal Engine para entregar ambientes metálicos frios, iluminação eficiente e uma atmosfera constantemente opressora. Não é um jogo que impressiona pelo realismo, mas sim pela direção artística e pelo uso do som. Nesse aspecto, SHODAN merece destaque absoluto. A dublagem de Terri Brosius, aliada à mixagem distorcida e ameaçadora, faz da IA uma presença constante e perturbadora, reforçando o sentimento de que o jogador nunca está realmente sozinho.

O maior problema da versão de Nintendo Switch 2 está no desempenho. Embora o jogo seja perfeitamente jogável na maior parte do tempo, quedas de frame são recorrentes em combates mais intensos e áreas visualmente carregadas. O impacto é ainda mais sentido ao tentar mirar com precisão, já que travamentos bruscos quebram o ritmo e geram frustração. Curiosamente, as seções do Ciberespaço apresentam desempenho exemplar, o que torna as inconsistências ainda mais evidentes.

Conclusão

System Shock no Nintendo Switch 2 é uma experiência densa, exigente e profundamente fiel às suas origens. A Nightdive entrega um remake que respeita o legado do clássico e preserva sua complexidade, recusando-se a simplificá-lo para agradar um público mais amplo. No entanto, problemas técnicos impedem que o jogo atinja todo o seu potencial na plataforma da Nintendo, que é preciso mencionar, já cientes pela produtora, o que deve indicar melhorias no futuro.

Ainda assim, para quem aprecia experiências mais desafiadoras, focadas em exploração, atmosfera e tomada de decisões, esta continua sendo uma jornada única, imperfeita, mas impossível de ignorar.

System Shock no Nintendo Switch 2 resgata um clássico absoluto, apesar dos tropeços
System Shock
Veredito
System Shock no Nintendo Switch 2 é uma experiência densa, atmosférica e intelectualmente desafiadora, que respeita profundamente o legado do clássico de 1994. Embora o remake apresente escolhas de design excelentes e uma narrativa marcante, seus problemas técnicos impedem que ele alcance todo o seu potencial na plataforma. Ainda assim, para fãs de simuladores imersivos e survival horror, trata-se de uma jornada intensa e memorável, mesmo com algumas falhas difíceis de ignorar.
Design
80
Trilha Sonora
85
Gameplay
75
Diversão
80
Custo x Benefício
80
Prós
Atmosfera e narrativa envolventes
Remake fiel ao clássico
Contras
Desempenho inconsistente
Problemas de precisão na mira
80
Nota Final

System Shock on Nintendo Switch 2 delivers a tense, demanding and atmospheric experience that stays true to its 1994 roots. While the remake excels in design and narrative, technical issues prevent it from becoming the definitive version on the platform. Even so, for fans of immersive sims and survival horror, it remains a compelling and memorable journey, flaws and all.

[Nota do Editor: System Shock foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch 2. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Nightdive Studios para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Um grande entusiasta da Nintendo, "fanZeldaboy" e confesso dono de um sofisticadíssimo sotaque nordestino visse?