Como primeiro contato com a série Legends of Heroes, Trails through Daybreak, publicado pela NIS America me cativou bastante pela narrativa. Se estivesse em português, seria nota “S” com certeza. O jogo não se mostra apenas como mais uma continuação da série; ele apresenta os pontos mais baixos e altos da sociedade. Então, se você espera apenas um JRPG de ação e combate em turnos, felizmente encontrará um pouco de todos os mundos, o que atrai tanto novos jogadores quanto os mais velhos e experientes.
O jogo se passa na República de Calvard, um local com boa economia e um nível avançado de tecnologia, como observado pelos celulares gigantes. No início, nos é apresentado Van Arkride, um Spriggan local. Seu papel é investigar casos que a polícia não cobre. No entanto, em seu escritório, aparece uma colegial chamada Agnes Claudel.
Agnes leva um caso até Van e lhe pede que a ajude a recuperar um artefato. Relutante, ele aceita o caso e, depois de recuperar o artefato, descobre que existem mais deles e que deve ajudar antes que uma catástrofe aconteça no mundo. Logo, acaba contratando Agnes para ser sua assistente, e juntos partem em busca dos itens, tentando descobrir o que são e quem está atrás deles também. Daybreak apresenta a você um elenco variado de personagens trabalhando ao lado de Van em seu negócio, Arkride Solutions. Eles incluem um jaeger de 13 anos, ingênuo sobre o mundo em geral, uma atriz sensual e um concierge vestido com uma roupa de empregada de um poderoso fabricante de armas.
A história se desenrola de forma linear, dividida em seis capítulos, e segue o ritmo já bem conhecido da série. Em cada capítulo, encontramos missões secundárias que nos permitem conversar muito com diversos cidadãos e até mesmo impedi-los de cometer suicídio. Sim, temos uma missão pesada assim, mas eu gostei; o ruim seria se não houvesse um bom desenvolvimento, mas eles souberam conduzir bem essa parte. No jogo, também temos uma trama LGBTQ+, bem condizente com a realidade, envolvendo um personagem com medo de se assumir para seus entes queridos devido à pressão social. O protagonista lida com essa exploração de identidade de forma bastante aberta, e, no geral, o elenco aceita essas diferentes identidades.
Toda essa dinâmica de personagens e missões permite que os jogadores aprendam sobre eventos passados junto dos personagens. Creio que, ao fazer isso, até mesmo por um momento, ignoramos que este é nosso primeiro jogo, e que não é urgente jogar os games anteriores para entender o que se passa, o que parece ser o objetivo. O jogo configura os personagens principais do grupo junto com sua adorável dinâmica. Agnes, que trabalha meio período, é crucial para o enredo, e eu gosto do quão crível ela é, já que não é uma lutadora poderosa ou alguém com um passado duvidoso. Apesar dos problemas de autoconfiança, ela se esforça, sabe?
Outros personagens, como Feri, têm uma personalidade que dá um contraste total ao time. Aaron gosta de chamar Van de velho, e acho isso muito engraçado. Eles realmente se dedicaram a construir esses personagens.
GAMEPLAY
O combate funciona com um modo de combate de campo baseado em ação, bem como um modo ajustado baseado em turnos. No modo de ação, ele funciona como uma evolução do sistema existente de outros títulos, onde você pode atacar os inimigos no campo e, se estiver em um nível alto o suficiente em relação a eles, matá-los instantaneamente sem entrar em combate. Movimentos como entrar em combate no modo de ação para atordoar o inimigo, e só então entrar em combate por turnos (o verdadeiro combate), permitem estratégias para conseguir turnos extras, o que é uma vantagem contra monstros fortes. Particularmente, acho esse estilo favorável; apesar de estar acostumado com a batalha em turnos dos RPGs famosos, mesclar e trazer novos caminhos de jogo é algo bom. Infelizmente, não posso comparar com outros jogos da série, por não tê-los jogado.
Lá você tem acesso aos ataques de craft exclusivos de cada personagem, S-crafts e artes de arremesso. As duas principais adições em Daybreak são o SCLM (Shard Circular Linked Metafield) e os S-Boosts. Começando pelo primeiro, o SCLM permite que os personagens ajudem uns aos outros quando estão próximos durante seus ataques. O benefício mais importante que o SCLM proporciona é aumentar a chance de que as Shard Skills sejam ativadas. Outro novo recurso é o Boost Gauge, em que sofrer ou dar dano sempre aumentará o contador um pouco mais. Assim, se você decidir optar por queimar duas células de uma vez, pode incrementar boosts no time, dando uma vantagem às vezes ‘apelona’ para virar o jogo.
Em seguida ainda temos Arts Drivers que são pequenos chips especiais que você vai encaixar, independentemente dos seus Quartz e Holo Cores – fornece uma quantidade extra de EP – , que vêm com um conjunto específico de Arts junto com slots desbloqueáveis para você colocar em Plugins que contenham uma art específica. Esses Plugins podem ser comprados de fornecedores ou recebidos como recompensas por completar várias tarefas, como aumentar sua classificação Spriggan. Gostei bastante do combate de turnos do game, só o combate de ação que deixu a desejar depois de um tempo, pois a gente só ataca e esquiva, se num fosse a chance de atordoar inimigos eu nem estaria usando ele.
Apesar de não interferir muito na historia, ou criar finais diferentes, existe um sistema de moralidade no jogo em que faz com que interfira em quem Van pode se afiliar. E para alguns pde parecer chato, mas no jogo existe sim enormes cutscenes e textos, contando toda sua boa historia, repito de novo, porque vale a pena. Onde mais da pra jogar RPG de investigação e ação ao mesmo tempo?
Uma coisa que chamou minha atenção foi a UI (user interface); ela era pequena demais para o modo portátil, e eu literalmente precisava ficar com o rosto próximo à tela. Isso atrapalhava um pouco, porque eu queria continuar, mas a leitura das conversas era difícil por ser pequena demais. Não sei como ficou em outras plataformas, mas, no Switch, infelizmente os gráficos dos personagens parecem de uma geração passada. Os ambientes e animações estão bons, mas os personagens parecem não ter sido renderizados direito, ficando serrilhados em alguns momentos no contorno. Entretanto, o estilo visual da novela gráfica usada nos flashbacks é maravilhoso, e, apesar dos gráficos serrilhados, os personagens são expressivos.
O jogo está dublado em inglês, o que é bom, pois dá para acompanhar a história só ouvindo. Porém, ainda há alguns problemas, como um personagem que fala sozinho o tempo todo e períodos de silêncio em que eu pensava que o jogo havia travado quando não estava olhando. Não que isso seja um grande incômodo; muitos JRPGs nem são dublados em cenas extensas e cutscenes, e às vezes a gente só escuta um “HUMM”. Mas, se a série aborda isso, devemos cobrar pelo serviço.
Por fim, Trails through Daybreak é um ótimo JRPG, tanto para novos jogadores que estão começando na série agora e podem se interessar em jogar seus antecessores, quanto para os mais experientes, proporcionando uma ótima história bem trabalhada e um combate por turnos gratificante.
TLoH: Trails through Daybreak is a competent game, with enormous content and care, where it presents an excellent rhythm of gameplay and story, without having a fall, we cannot fail to mention the soundtrack that is exemplary in Falcom games, and contributes to a true immersion, without, furthermore, long loading times.
[Nota do Editor: The Legend of Heroes: Trails through Daybreak foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela NIS America para avaliação.]
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