A editora japonesa de jogos FuRyu despertou a curiosidade de muitos no lançamento de The Legend of Legacy em 2015, quando o jogo foi lançado para Nintendo 3DS. Isso se deu por conta de alguns artistas e desenvolvedores da Square Enix estarem envolvidos no projeto, como o compositor Masashi Hamauzu, conhecido em seu trabalho em Final Fantasy XIII.
Eu já conhecia The Legend of Legacy no 3DS, joguei nele pelo menos umas cinco horas, mas isso faz um tempo, pois na época não era fã de jogos em turnos, tanto quanto gosto hoje. Entretanto revisitei meu 3DS para comparar o jogo com a versão de Nintendo Switch.
Começando pelo estilo gráfico, ele é atraente, mas para mim funciona melhor no 3DS, porque tinha o charme do efeito 3D do 3DS. O mapa carrega os elementos enquanto vamos andando como se dropassem os objetos do chão. O estilo me lembra clássicos da Square Enix, os antigos mesmo, por isso acho o top down dele melhor no 3DS. No Nintendo Switch eles apenas deram um salto gráfico, poliram os desenhos e itens 3D. Os personagens são naquele estilo cabeção (chibi, talvez), na época do 3DS eu curtia, mas ao longo do tempo fiquei um pouco mais reticente quanto a tal escolha.
Em The Legend of Legacy escolhemos nossos personagens entre seis: três homens e três mulheres. Embora cada um tenha sua personalidade, não espere que sua seleção tenha impacto na sua gameplay, afeta apenas depois, em quem você pode adicionar a sua equipe.
O jogo segue um formato de exploração de masmorra, há apenas uma cidade, chamada Initium, onde você retorna regularmente para obter suprimentos e atualizações para suas próximas masmorras. As masmorras apresentam temas exclusivos e formas definidas, e a maior parte do progresso se dá em você mapear cada andar de cada masmorra para que você possa vender na cidade.
É um estilo de jogo bem simples e direto, eu mesmo as vezes só fugia dos inimigos e ia mapear a masmorra logo, mas os inimigos davam um dash e chegavam bem rápido em você então tem que dar um drible neles. Os inimigos aparecem na masmorra sem saber quais você vai enfrentar, somente quando enfrenta, eles vem como um adversário todo preto, e depois vem a quantidade aleatória de inimigos que podem vir.
No jogo, todo o combate é em turnos, onde os membros do grupo ficam em uma das três fileiras, e cada um pode conceder buffs de estatística, como aumento da defesa. Você pode programar formações antes das batalhas e alternar entre elas, pode deixar todos no ataque, ou mudar a formação para que o personagem tank fique na frente. Tudo se resume a esse controle, embora tenha encontros difíceis.
A narrativa aqui precisa de avaliação, ela parece superficial. O jogo não apresenta muita história, depois de escolher seu personagem você viaja para a ilha de Avalon, onde é o lar de um tesouro escondido. À medida que você avança você encontra itens da antiga civilização que ali vivia e descobre a conexão entre os personagens principais e o local.
Adicionando mais uma camada de jogabilidade, há um sistema elementar contido no ambiente, onde você pode verificar qual elementos o ar está mais carregado, dando assim benefícios de combate às ações dos personagens que lhes correspondem. É uma ideia legal, mas achei forçado, como se o jogo obrigasse a escolher personagens singulares, ao invés de pegar qualquer um que eu quisesse, onde tornava as batalhas absurdamente mais difíceis.
É interessante também como Legend of Legacy trata o status de saúde, no jogo se um personagem cai, basta lhe conjurar um feitiço de cura e ele levanta, sem a necessidade de usar uma habilidade especial de animação. Contudo eles perdem pontos de vida a cada vez que são nocauteados e só recuperam esses pontos ao voltarem para a cidade e dormirem. Aqui a progressão é em status e não em níveis, você recebe aumento nos pontos sp e de vida. Portanto, o combate é satisfatório e a progressão é boa, embora aleatória, o jogo repete seu ciclo varias vezes sem enormes adições.
Nesse ponto The Legend of Legacy me lembra um cozy game, digo, um jogo que você usa para preencher tempo, ou uma segunda tela, porque se você se concentrar nele pode ficar monótono à medida que se desenrola as coisas sem adicionarem conteúdo novo.
Por fim, The Legend of Legacy HD Remastered é um rastreador de masmorras decente e nada lendário. Mecânicas como a progressão aleatória e o sistema de elementos, o fazem se destacar do grupo. Mas não deixe que alguns pontos potencialmente negativos lhe impeça de conferir o jogo, jogue – o. Há aqueles que jogariam pela sua composição musical feita por Hamauzu, mesmo que todo o panorama não esteja perfeito. Ele pode não ser o melhor, mas cumpri o que se propõe e pode agradar aqueles que gostam de rondar uma masmorra.
[Nota do Editor: The Legend of Legacy HD Remastered foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela NIS America para avaliação.]
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