Você provavelmente já sabe o que é um jogo do gênero RPG (Role-Playing Game) onde você assume um papel dentro da história e toma ações para chegar ao fim da mesma. Normal… mas e um TTRPG (Tabletop Role-Playing Game)? Nesse caso estamos falando do aclamado RPG de Mesa que voltou ao mainstream graças à quarta temporada de Stranger Things.
Seguindo essa ideia e unindo elementos de CRPG (Computer RPG) com JRPG (Japanese RPG), The Nameless: Slay Dragon foi criado pela desenvolvedora WhisperGames e publicado pela Deck13 Spotlight trazendo uma clássica história de vingança em um mundo já corrompido por dragões.

Historia
Após um grande dragão destruir todo seu vilarejo deixando apenas você como sobrevivente, Hamm (nome padrão do protagonista) sai em busca de vingança contra aquele que destruiu a sua vida e família. Para concluir seu desejo ele precisará de aliados e poder, por isso Hamm vai em direção à LastGuard considerada um dos últimos bastiões daquela região onde planeja entrar para a grande guarda de matadores de dragões.
Porém certamente que as coisas não saem como planejado, pois no caminho somos alvejados por um Wyvern e ao chegar na cidade não podemos seguir adiante sem ter uma credencial para ir à cidade alta. Credencial esta que não é dada a qualquer um, muito menos alguém de um vilarejo qualquer que nem sequer existe mais e acabou de chegar ali, então recorremos a métodos não muito diretos e para conseguir comprar uma credencial com um mercador suspeito precisamos de dinheiro o suficiente, coisa que não temos.
Sendo novo na cidade, nos tornamos alvos fáceis para oportunistas e trombadinhas, mas não é o caso de Andy que aparece diante de nós e pode acabar nos ajudando e até mesmo entrar para o grupo nos direcionando à um lugar onde podemos conseguir algum dinheiro para comprar a tal credencial.
Aqui, na primeira DUNGEON oficial da história, podemos tentar apenas seguir minerando para ter dinheiro ou explorar além do que pode ser visto de primeira para descobrirmos que há muitos segredos por trás das pedras brilhantes no caminho. Segredos esses que datam de uma época remota, onde humanos viviam no subterrâneo e um grande poder ainda reside, e pode ser usado para garantir seu desejo. A partir daqui, a história realmente começa e as coisas se tornam interessantes.



Gameplay
The Nameless: Slay Dragon age com um misto de jogo point-n-click com batalha por turno e testes automáticos tendo como base seus atributos naquele momento. Sua mecânica é bem simples e intuitiva sendo possível até retornar à pontos antes acessados quase que a qualquer momento.


Criando seu personagem
Ao iniciar a aventura, antes de qualquer outra coisa, devemos escolher o antecedente do nosso protagonista e algumas características aqui que podem facilitar nosso gameplay em troca de menos experiência ou vice-versa. Esse antecedente ditará as habilidades e atributos básicos com as quais começaremos.

Sem grind, apenas roleplay
Sendo um RPG, o ponto alto aqui está na obtenção de melhorias de atributos e classe sem se prender a apenas em subir de nível. Cada teste efetuado, seja ele um sucesso ou não, aumenta sua experiência naquele atributo que pode “evoluir” e subir de rank (iniciando em E) aumentando assim as chances de sucessos. Porém, muitos testes aumentam também o medidor de Fadiga que ao atingir 100% te causará penalidade reduzindo sua velocidade e dano em 25%, caso não descanse por um dia ou não utilize algum item/habilidade para recuperar esse cansaço, a fadiga continuará aumentando até no máximo 200% onde a penalidade será de -50% de velocidade e dano.

Para subir seu nível de classe, ou seja, sua profissão em jogo, você utiliza pontos de habilidades que podem ser conseguidos tanto passando em testes específicos, subindo de nível com experiência obtida em batalhas ou eventos, ou interagindo com eventos no mapa.
Mesmo assim, temos que batalhar
Por mais simples que sejam as mecânicas aqui, ainda se trata de um RPG então a batalha tem que existir e ela vem nos moldes dos antigos Dragon Quests onde vemos o inimigo imóvel de frente e nossos personagens abaixo na tela com seus status base: Vida, Magia e Força de Vontade. Creio que Vida e Magia (HP e MP) são auto explicáveis e são amplamente usados até mesmo em jogos que não são de RPG, mas o Força de Vontade (WP) é uma habilidade nova, inerente da classe de cada personagem que consome esses pontos em troca de grandes buffs em batalha. Esses WP são recarregados aos poucos no fim de cada batalha.



Enquanto em peleja, podemos em nosso turno selecionar qualquer aliado, em qualquer ordem, para atacar ou usar um item ou magia (Ability), defender e até mesmo tentar fugir. Qualquer uma dessas ações encerram o turno do aliado em questão, porém se usar a opção SoulForce você usará os próprios WP e ainda assim poderão atacar/usar magia/itens/etc.
Sempre quis ser multiclasse? Aqui temos!
Outra mecânica que aqui foi simplificada é a de profissões (ou classes) dos personagens tanto para alteração de atributos base quanto para habilidades. Em The Nameless: Slay Dragon subimos o nível de nossas classes usando Awakening Points que ganhamos com eventos em jogo, subindo de nível com o personagem e outros. Mas não necessariamente somos obrigados a subir o nível da classe atual, podemos misturar possibilidades diversas (havendo pontos pra isso) e assim criar personagens únicos a cada gameplay.



Para isso basta selecionar para qual classe da lista queremos adicionar os pontos. Inicialmente apenas três classes são disponíveis: Aventureiro, Ladrão e Arqueiro. Novas opções surgirão caso encontre itens específicos durante a exploração dos cenários e avanço de história.
Um craftizinho porque ninguém é de ferro
Logo se percebe que dinheiro é um recurso escasso no jogo, exatamente como acontece na vida real, então as vezes precisaremos nos virar com o que temos em mãos para criar itens ao invés de comprá-los. Para isso basta acessar o menu de Crafting e ali podemos cozinhar, criar armas e poções. Para saber como criar devemos consultar livros de receitas ou instruções que serão obtidos na aventura.
O sistema de crafting é super simples, basta juntar os itens e o teste de acordo será executado, em caso de sucesso o novo item será criado, em caso de falha, perdemos os materiais base. Muitos desses materiais são possíveis de se encontrar interagindo com os cenários, outros precisarão ser comprados ou mesmo roubados de monstros.


Dificuldade
The Nameless: Slay Dragon não é um jogo difícil ou punitivo, mas recompensa bem sua dificuldade caso você seja um jogador ponderado. Aliados que caírem em combate, voltam ao jogo com 1 de vida (MP e WP também são recuperados após as batalhas), mas ir de frente aos desafios ou não ponderar suas ações antes de arriscar pegar aquele pedaço de osso no chão pode te fazer ver um game over de bobeira.

Design e Trilha Sonora
The Nameless: Slay Dragon é simples em tudo no que se propõe, mas executa bem aquilo que nos entrega. Não espere algo com máximo detalhe ou animações, muito menos espere complexidades tal qual Baldur’s Gate 3 pôde entregar. Com toda arte feita a mão, tokens de inimigos no mapa, e um estilo artístico que me lembrou em partes Darkest Dungeon, esse jogo simples consegue cativar e entregar através da narrativa uma ótima experiência.



Sua trilha sonora é boa e não é enjoativa. Não há dublagens e muito menos localização para seus textos, e há MUITO texto, por isso (infelizmente) pode ser que The Nameless: Slay Dragon não seja tão abraçado pelos brasileiros quanto poderia e certamente tem potencial para isso.
Detalhes Técnicos
Leve, simples, prático, intuitivo mas sem localização. The Nameless: Slay Dragon está custando R$ 55,00 reais na eshop brasileira, o que é um ótimo valor para as pouco mais de 20 horas de gameplay e suas possibilidades de customização de habilidades dos personagens e rejogabilidade havendo dois finais distintos.

Simplicity with good execution is what defines The Nameless: Slay Dragon, very similar to a Tabletop RPG experience, the game wins in its narrative but can be off-putting due to its lack of localization.
[Nota do Editor: O jogo The Nameless: Slay Dragon foi analisado a partir de um Nintendo Switch 2 cuja chave foi gentilmente cedida pela Deck13]
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