Retomamos hoje nossas matérias especiais de contagem regressiva com um sopro de saudade no ar. Já voltamos no tempo para relembrar a virada do Wii U para o Switch, refletimos sobre os motivos que fizeram este console atravessar gerações e, com números e coração, entendemos por que aventuras como Breath of the Wild e Animal Crossing ganharam um brilho eterno em sua biblioteca.
Mas há algo que não podemos mais adiar. Não se fala do Switch sem reverenciar os jogos que deram alma ao seu ciclo. Os títulos que nos fizeram sorrir, chorar, vibrar, seja sozinhos ou acompanhados. Aqueles que, mais do que entretenimento, se tornaram parte da nossa história.
Não é um ranking. É um tributo. Selecionamos 10 jogos que deixarão ecos no tempo. Jogos que, daqui a 10 ou 15 anos, ainda estarão vivos na memória dos que viveram essa era, lembranças de tardes felizes, madrugadas intensas e encontros que só o Nintendo Switch foi capaz de proporcionar. Eles ajudaram a transformar um console em lar, e sua magia jamais será esquecida.
Mario Kart 8 Deluxe
“Nossa, Project N… que original vocês são, começando logo com o jogo mais vendido do Switch.”
Calma, pequeno(a) gafanhoto(a). A presença de Mario Kart 8 Deluxe nesta lista vai muito além dos números. Porque, no fundo do seu coração cheio de lembranças queridas, você não vai se recordar apenas das estatísticas — vai se lembrar das risadas, das disputas acirradas, das viradas épicas.
Vai se lembrar das tardes jogando com amigos no sofá, das noites online com primos distantes, da alegria de liderar a corrida… até que um casco azul filho de uma cogumelo arranque de você o pódio suado.
Mario Kart 8 Deluxe é um símbolo desta geração. Um jogo que abraçou famílias, grupos de amigos, casais e solitários, entregando pura diversão em qualquer contexto. Não é só um campeão de vendas é um campeão de momentos. E é por isso que seu lugar nesta lista é inquestionável: ele foi, e continua sendo, simplesmente incrível.
The Legend of Zelda Breath of the Wild/ Tears of the Kingdom
Ah, como eu queria que minha mente sofresse um apagão só para poder viver tudo de novo. Para sentir, pela primeira vez, o frio na espinha ao avistar aquele vasto Hyrule Field, cartunesco e realista ao mesmo tempo, reinventado com uma beleza silenciosa e bruta. Como seria bom redescobrir o tal sopro selvagem. Voltar às conversas acaloradas sobre teorias — seria aquele o Ganondorf de Ocarina of Time? Ou quem sabe o mesmo de Wind Waker?
Já celebramos Breath of the Wild por aqui, mas não dá para deixá-lo de fora desta homenagem. Porque ele não foi só um clássico geracional, nem apenas um dos melhores jogos de todos os tempos — ele foi uma experiência. E ao lado de sua sequência, Tears of the Kingdom, nos ensinou que um jogo pode fazer muito mais do que entreter: ele pode fazer sentir.
Sentir arrepio com a beleza das Dragon Tears. Sentir o coração bater mais rápido a cada nova descoberta. Sentir paz ao escutar, ao longe, a sanfona de Kass ecoando entre as montanhas. Sentir medo ao dar de cara com um Lynel selvagem ou ao ouvir o sussurro sombrio das Gloom Hands vindo do nada.
Breath of the Wild /Tears of the Kingdom não só mudou o rumo da franquia, mudou o que esperamos de um mundo aberto. E mais do que isso: mudou a forma como nos conectamos com um jogo.
Super Smash Bros Ultimate
Super Smash Bros. Ultimate não é apenas um jogo de luta. É uma carta de amor à história dos videogames. É o encontro de gerações, de mundos, de memórias. É ver Mario enfrentando Sephiroth. É ouvir a trilha de Persona 5 enquanto Link carrega a Master Sword contra Samus. É sorrir ao desbloquear seu personagem favorito, ou gritar de alegria ao ver aquele anúncio impossível — sim, ele entrou. Todos entraram.
“Everyone is here.” Três palavras simples, mas com um peso quase mitológico para quem cresceu com controles nas mãos.
É o jogo das festas em família, das rivalidades entre amigos, das partidas que começavam com risadas e terminavam com revanche marcada. Mas também é o jogo da solidão bem-vivida — de aprender cada combo, de desbloquear cada lutador, de mergulhar nos detalhes, nas trilhas, nas homenagens.
Smash Ultimate não foi apenas um crossover. Foi uma celebração daquilo que nos faz amar os jogos. E por isso, seu lugar na história do Switch não se mede em vendas ou prêmios — mas sim nos incontáveis momentos de alegria que ele proporcionou a tantos.
Super Mario Odissey
Algumas aventuras a gente não esquece — não porque foram longas ou difíceis, mas porque nos fizeram sentir vivos. Super Mario Odyssey é exatamente isso: uma viagem que mora no coração. Uma carta-postal interativa, com selos de cada reino visitado e lembranças que dançam como o chapéu de Cappy ao vento.
Quem viveu essa jornada se lembra do primeiro olhar para New Donk City, da trilha contagiante de Jump Up, Super Star!, da sensação de liberdade ao capturar inimigos e objetos com um simples gesto, mudando tudo o que sabíamos sobre Mario. Pela primeira vez, sentimos que tudo era possível — e, dentro daquele universo colorido e ousado, era mesmo.
Não era só uma busca pela princesa. Era uma busca por descobertas. Por segredos escondidos atrás de paredes invisíveis, por luas deixadas em cantos esquecidos, por sorrisos que surgiam a cada nova transformação. Odyssey não tentou reinventar Mario. Ele o celebrava. Misturava o novo com o nostálgico, o ousado com o clássico, criando uma sinfonia de alegria, ritmo e criatividade.
E no fim, quando a cortina se fecha com um desfile pelas ruas da cidade — ao som de aplausos, fogos e música, fica claro: Odyssey foi mais do que uma aventura. Foi uma festa. Uma que, mesmo anos depois, ainda ouvimos a melodia quando fechamos os olhos.
Metroid Dread
Nem toda grande memória nasce da alegria. Algumas vêm do silêncio, da tensão, do medo. E Metroid Dread nos ensinou isso com maestria.
Anos se passaram desde o último capítulo inédito da saga de Samus Aran em sua linha principal. E quando menos esperávamos, a caçadora retornou mais ágil, mais letal, mas também mais humana do que nunca. Porque, no fundo, havia algo de profundamente solitário em sua jornada.
Cada corredor claustrofóbico, cada som mecânico distante, cada área oculta descoberta com esforço. Tudo em Dread nos fazia lembrar que estávamos sozinhos… mas não impotentes. Que o perigo era constante, mas o controle preciso. Que havia beleza na escuridão e poder na perseverança.
Os E.M.M.I., frios e implacáveis, se tornaram um símbolo dessa era: o medo que persegue, que ouve, que corre atrás. Mas a cada fuga bem-sucedida, a cada upgrade conquistado, Samus (e nós com ela) se tornava mais forte. E no fim, já não era mais medo… era superação.
Metroid Dread não foi apenas um retorno. Foi um grito. Um lembrete de que algumas franquias não apenas sobrevivem ao tempo, elas voltam para reivindicar seu lugar. E nesse processo, deixam cicatrizes. Das boas. Daquelas que carregamos com orgulho.
Pokémon Legends: Arceus
Às vezes, para seguir em frente, é preciso olhar para trás. Pokémon Legends: Arceus nos convidou a fazer isso, mas não com nostalgia comum, e sim com um novo olhar sobre tudo o que pensávamos conhecer.
Pela primeira vez, o mundo Pokémon não era sobre batalhas entre ginásios ou torres gloriosas. Era sobre descobrir. Sobre temer a natureza selvagem. Sobre se esconder na grama alta, não para encontrar, mas para evitar ser encontrado.
A região de Hisui, ancestral de Sinnoh, nos acolheu com silêncio, névoa e mistério. E logo percebemos: estávamos em um mundo onde humanos e Pokémon ainda aprendiam a coexistir. Onde Pokébolas eram feitas de madeira. Onde cada captura era um pequeno passo em direção à confiança.
Legends: Arceus foi o sopro de ar fresco que a franquia precisava, ousado, imperfeito, mas verdadeiro. Deu voz a um desejo antigo dos fãs: se sentir parte viva daquele universo. E ao fazer isso, tocou algo que muitos já tinham esquecido que sentiam ao jogar Pokémon pela primeira vez: encantamento puro.
Fire Emblem: Three Houses
Há jogos que te desafiam com espadas e estratégias. Mas Fire Emblem: Three Houses foi além: desafiou nossas convicções. Sim, havia batalhas épicas, magias brilhantes, tabuleiros táticos e reviravoltas afiadas. Mas o que realmente marcou foi o tempo entre as lutas, nas conversas sob as árvores do monastério, nos almoços divididos entre aliados, nos laços construídos com alunos que, em algum momento, teriam que escolher lados.
Porque Three Houses era sobre escolher. E sobre lidar com o que vem depois da escolha.
Cada casa, cada caminho, carregava dores, glórias e cicatrizes diferentes. Não havia certo ou errado, apenas consequências. E quando o tempo avançava e os rostos mudavam, quando reencontrávamos amigos como inimigos… o jogo deixava de ser um RPG tático. Passava a ser uma história nossa.
Three Houses nos ensinou que estratégia também é emoção. Que perder um personagem não é só um revés , é perder um amigo. E que algumas batalhas continuam, mesmo depois que o console é desligado… dentro da gente.
Splatoon 3
Splatoon 3 chegou não só colorindo telas, mas também pintando de alegria os corações de quem pegou no controle. Com batalhas caóticas e tintas vibrantes, ele trouxe de volta — e renovou — a magia de se jogar junto.
Mais do que vencer território, era sobre dividir momentos. Rir com os amigos, competir com desconhecidos, criar memórias entre um respingo e outro. No caos colorido das arenas, encontramos algo raro: diversão genuína, leve, quase infantil, daquelas que fazem a gente esquecer do tempo.
Porque só quem já virou tinta, escapou por um triz ou marcou um gol no último segundo entende o que é Splatoon. Não é só jogo, é ritmo, amizade, explosão. É vida espalhada em cada canto da tela. E a prova de que, às vezes, a alegria mora no improvável: uma arma de tinta, um time improvável… e a certeza de que vale a pena jogar mais uma.
Xenoblade Chronicles 3
Há jogos que nos transportam para universos grandiosos — cheios de lutas épicas e reviravoltas emocionantes. Xenoblade Chronicles 3 vai além: é uma jornada da alma, onde ação, filosofia e sentimento caminham lado a lado.
A cada passo por campos infinitos, a cada silêncio entre um diálogo e outro, somos levados a pensar sobre o tempo, o destino e o que significa ser humano. Não é apenas sobre espadas e batalhas — é sobre escolhas, perdas, laços e a busca por significado em meio ao caos.
No fim, Xenoblade 3 não fala só dos heróis que seguimos. Fala também de nós, que crescemos com eles. Porque quando a tela escurece e o último “continue” é deixado para trás, o que fica não é só a lembrança de uma grande história, mas o eco das perguntas que ela nos deixou.
É um lembrete: às vezes, as guerras mais intensas são travadas dentro de nós. E continuar caminhando, mesmo com cicatrizes, já é um ato de coragem.
Animal Crossing: New Horizons
Poucos jogos marcaram tão fundo quanto Animal Crossing: New Horizons. Em meio ao silêncio do mundo lá fora, ele se tornou abrigo. Mais do que construir uma ilha, era sobre reconstruir a calma — plantar flores com paciência, colher frutas com carinho, visitar vizinhos como quem mata a saudade de um amigo querido.
Cada carta recebida, cada pôr do sol pixelado, cada detalhe simples ganhou significado. New Horizons não era só um jogo — era um lugar onde o tempo corria devagar, onde a rotina era consolo, onde a solidão dava lugar a uma ternura inesperada.
Mesmo que já tenham passado tantas luas, aquela ilha ainda vive em nós. Porque ali, entre pescarias e fogueiras acesas, a gente encontrou paz. E talvez, sem nem perceber, aprendeu a cuidar melhor da gente e dos outros.
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