Kao the Kangaroo - O Renascimento de um mascote

Kao the Kangaroo – O Renascimento de um mascote

É hora de reviver um mascote pouco conhecido, apresentando seu carisma e jogabilidade que até tentam cativar, mas acabam ficando à sombra de grandes clássicos do gênero.

Quem viveu os anos 90 com certeza vai se lembrar da chamada “febre dos mascotes”. Toda empresa de jogos lutava desesperadamente para ter um personagem que fosse a sua marca registrada. No caso da Nintendo temos Mario, que nasceu antes dessa disputa e acabou sendo o grande impulsionador da corrida pelo mascote ideal. Nessa disputa vimos o nascimento de personagens aclamados até os dias de hoje como Sonic e Crash, mas também vimos alguns não tão populares assim como Bubsy, Sparkster, Gex, e outros. Essa luta por um mascote não ficou apenas na era 16 bits, mas continuou firme com o advento dos jogos 3D, fazendo com que um personagem fofinho num mundo amplo coletando itens diversos fosse o modelo mais popular entre os jogadores daquele período. É ali, no meio dessa disputa por popularidade que um jovem canguru portando um par de luvas de boxe surge de maneira tímida buscando seu espaço. Estamos falando de Kao the Kangaroo, lançado em 2000 para Dreamcast e PC.

O jogo chegou de maneira simples e acabou garantindo algumas sequencias em outras plataformas. Essas sequencias fizeram o pequeno canguru um pouco mais conhecido, porém nunca algo main stream como Mario, Sonic e Crash. Agora, 20 anos após o primeiro jogo, Kao tenta uma nova aventura, buscando os poucos fãs que o conheceram no início do milênio, mas também acolher novos entusiastas de jogos Plataforma 3D

Um Canguru, um par de luvas e uma família em perigo

Antes de tudo já aviso: Kao the Kangaroo não se trata de um Remaster ou Remake de alguma aventura anterior do marsupial. Estamos falando de uma aventura original, que traz elementos de jogos antigos, mas é totalmente independente. Ou seja, você não precisa ser uma das 10 pessoas que jogou os anteriores para experimentar essa nova aventura. Tendo esclarecido isso, passemos ao enredo.

Kao the Kangaroo - O Renascimento de um mascote

A história do jogo não é lá grandes coisas, na verdade ela é bem simples. Basicamente sua história começa quando Kao tem um pesadelo onde sua irmã foi raptada e corre sério perigo. Ele decide ir atrás não só dela, mas também de seu Pai que sumiu já faz algum tempo. Logo no início da jornada você acaba conhecendo Walt, um Coala que é mestre de artes marciais e irá lhe ensinar tudo o que necessita.

Além disso você também acaba encontrando um par de luvas mágicas que pertenceram a seu pai. Essas luvas possuem consciência própria e parecem carregar uma espécie de maldição. Walt é quem lhe avisa para ter cuidado com aquelas luvas, mas Kao não escuta muito e vê no poder daquelas luvas uma forma de conseguir derrotar seus inimigos e resgatar tanto seu Pai quanto sua irmã.

Assim, com luvas nas mãos e um mestre que irá te guiar que sua jornada inicia, passando por diversos locais e enfrentando uma série de inimigos.

Como se destacar em meio a tanta coisa boa?

Estamos falando de um gênero bem delicado: Plataforma 3D. Digo delicado pois muitas pessoas (eu inclusive) amam o estilo, e tem muito apreço por grandes clássicos. Esse amor dos fãs faz com que a missão de lançar um novo jogo do gênero seja bastante desafiadora, pois tudo acaba sendo meio genérico e sem graça (visto os grandes títulos que temos no vasto panteão desde sua criação com Super Mario 64).

Kao the Kangaroo - O Renascimento de um mascote

Kao the Kangaroo busca construir sua trajetória na simplicidade, se inspira em clássicos e para pôr aí mesmo. É nítido inspirações em jogos como Crash (trazendo uma certa linearidade) e Banjo-Kazooie (com itens colecionáveis). O problema é que não tem nada além disso. O jogo tem um level design esquecível e fases genéricas. Não se trata de um jogo ruim, pelo contrário ele é bem divertido as vezes, mas não possui aquele carisma que você espera de um mascote numa aventura 3D. É tudo meio repetitivo e previsível.

O jogo conta com um esquema de mundos, onde cada um deles possui um Hub estilo mundo aberto com itens e segredos, e ali estão as entradas para as fases (geralmente 3 por mundo seguido de um chefe). Ao longo dessas fases você terá que coletar itens como moedas, diamantes, pergaminhos e as letras que formam o nome do personagem (K A O) mas também coletar runas, que são a exigência para abrir novas fases. Cada fase possui um número diferente de runas, e elas estão presentes também no Hub citado anteriormente, o que faz da exploração uma atividade necessária no jogo.

Kao the Kangaroo - O Renascimento de um mascote

Se você não é fã de colecionismo não se preocupe. As fases são bastante lineares (lembra um pouco estilo de Crash) e quando surgem 2 caminhos a sua frente automaticamente você sabe que um dos caminhos é que te fará progredir na fase e outro irá te levar para algum item ou fase bônus. Também existem itens mais escondidos e que vão requerer um pouco mais de atenção, mas não é nada que possa ser considerado realmente desafiador.

É hora de moer os bichos na porrada!

Apesar de alguns pontos fracos já citados preciso destacar o combate do jogo. Você terá de enfrentar uma série de inimigos diversos na sua aventura e para derrotá-los você vai ter que literalmente socar a cara deles. Não dá para negar que isso é bem divertido no início, mas depois fica um pouco repetitivo. O que salva é o sistema de combos que o jogo traz. A medida em que você golpeia os inimigos (ou leva danos) uma barra será preenchida, quando ela estiver cheia você poderá realizar um ataque especial! Use sua criatividade no combate combinando socos certeiros, golpes no ar, pulos e roladas para derrotar seus inimigos.

Kao the Kangaroo - O Renascimento de um mascote

Além disso o grande destaque da jogabilidade vai para as luvas amaldiçoadas. Essas luvas que foram do seu Pai além de interagirem ao longo da história vão lhe garantir alguns poderes extraordinários tais como golpes elementais (de fogo, gelo e vento) e a liberação de um “mundo sombrio”, uma espécie de realidade paralela onde alguns elementos de cenário aparecem liberando novos caminhos. Você irá usar esses poderes exaustivamente ao longo de sua jornada, combinando elementos para acionar itens do cenário e usando desse “mundo sombrio” para ter acesso a locais diferentes.

Um belo jogo…, mas nem tanto

A direção de arte do jogo é bonita, cores vibrantes e cenários bem-feitos. O problema é que a versão de Nintendo Switch deixa um pouco a desejar, principalmente no modo portátil (modo esse que joguei por mais tempo). Os personagens parecem um pouco “embaçados” para diminuir o serrilhado e as cores acabam perdendo bastante a sua presença. No modo TV as coisas melhoram bastante, mas ainda assim ficam um pouco a desejar. Não é uma questão de se tornar injogável ou fazer da experiencia algo ruim, só é um pouco chato pois o que chama a atenção no jogo é justamente o carisma dos gráficos coloridos e impactantes, o que no Switch acabou fazendo do jogo ainda mais genérico.

Kao the Kangaroo - O Renascimento de um mascote

Uma aventura Ok

Kao the Kangaroo é uma experiência divertida, porém nada surpreendente. Cumpre o seu papel de ser um bom plataforma 3D, mas deixa a desejar bastante em level design e inovação. É aquele jogo que num momento mais tranquilo seja uma boa pedida para os fãs do gênero.

Kao the Kangaroo - O Renascimento de um mascote
Kao tha Kangaroo
Veredito
Kao the Kangaroo tem a missão de reapresentar o simpático Kao aos novos jogadores. Ele cumpre essa missão mas, infelizmente, não é muito cativante como promete. É um jogo apenas Ok entre tantos outros jogos no estilo plataforma 3D
Design
80
Trilha Sonora
60
Diversão
75
Gameplay
75
Custo x Benefício
75
Prós
Jogo casual e de fácil jotabilidade
Bela direção de arte
Cenário bonitos
Contras
Level Design esquecível
Falta de inovação
Gameplay genérico
Jogabilidade repetitiva
73
Nota Final

[Nota do Editor: Kao the Kangaroo foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Press Engine para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

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