Parafraseando o criador de conteúdo Pedro Cogu, do canal Cogumelando, “todo jogo que você nunca jogou é um jogo novo”. E Beat ‘Em Up Collection, publicado pela brasileira QUByte Interactive sob o selo “Classics” é isso vezes sete. Isso porque a coletânea apresenta sete jogos que muito provavelmente você nunca jogou até aqui: First Samurai, Second Samurai, Gourmet Warriors, Iron Commando, Legend, Sword of Sodan e Water Margin: The Tale of Clouds and Winds.
Antes de mais nada, vale tirar o elefante branco da sala. São os melhores games do gênero “beat ‘em up”, ou em bom português o “briga de rua”, do mesmo nível de Streets of Rage, Final Fight e tantos outros? Não. Mas são boas, divertidas e excêntricas experiências, de títulos que passaram despercebidos do grande público nos anos 1990.
A maioria dos jogos inclusos são ports trabalhados anteriormente pela Piko Interactive LLC (a mesma que detém a marca de Rage of The Dragons, cuja versão NEO, lançada pela QUByte, já analisamos no Project N). Já entre as desenvolvedoras originais estão Never Ending Soft Team, Arcade Zone, Vivid Image, Winds e Innerprise Software. Nomes potencialmente desconhecidos cujos trabalhos ganham a luz hoje, 30 anos depois, graças a coletâneas como esta.
Alguns dos games inclusive já haviam sido lançados pela QUByte para consoles modernos, incluindo Nintendo Switch. E agora, com a parceria da brasileira com a Bleem!, que é da Piko, passam a integrar um único pacote retrô. A melhor maneira de descrever este pacote é: imagine aqueles cartuchinhos coloridos dos anos 1990. Aqueles mesmo, que tinham vários jogos em um e muitas vezes eram de origem duvidosa. Mas aqui é tudo oficial, tudo de qualidade e a origem é mais do que procedente.
“Beat ‘Em Up Collection (QUByte Classics) reúne sete jogos de luta retrô de rolagem lateral em um pacote cheio de ação: First Samurai, Second Samurai, Gourmet Warriors, Iron Commando, Legend, Sword of Sodan e The Tale of Clouds and Winds. Lute através do tempo e de mundos de fantasia no puro estilo 16 bits, agora aprimorado com recursos modernos como retrocesso, truques, filtros de tela, manuais digitais e localização completa. Um jogo obrigatório para os fãs de beat ‘em ups clássicos!”
Os sete títulos são originais de consoles como Super Nintendo/Super Famicom, Mega Drive/Genesis e outros, e rodam via emulação. Mas não é uma emulação qualquer, e sim na engine da própria QUByute, a QUByte Emulation Engine (QEE), que vem se aprimorando a cada lançamento.
É a mesma plataforma que rodou Top Racer Collection, que também já foi analisado pelo Project N – e que recebeu uma DLC inédita neste mês; Glover, original do Nintendo 64, que também tem review aqui, e muitos outros títulos, como Street Racer Collection, que chega às lojas nesta semana.
A partir daqui, a review vai destacar os melhores aspectos de Beat ‘Em Up Collection, e ao final você verá um breve resumo de cada um dos sete jogos inclusos, com trechos de textos extraídos dos menus.
Menu

Falando em menus, uma televisão mostra os jogos disponíveis na coletânea sendo executados. Essa é a tela de seleção, e a primeira vez que eu vi algo assim foi com Activion Anthology, no PlayStation 2. De lá para cá muitos outros games adotaram este estilo, mas em Beat ‘Em Up Collection há um charme todo especial.
A televisão, é claro, é de tubo, como precisava ser. Mas além do jogo em destaque, há uma parede de televisões ao fundo, o que dá um clima de museu ao título. E de certa forma, é isso mesmo: uma coleção especial de memória e preservação, com muito carinho envolvido.
Acessibilidade e filtros

No menu, ao apertar o botão “B” é aberta uma tela muito, realmente muito interessante. Em “Opções” é possível mudar o formato da tela de “fit”, ou seja, 4:3, para “tela cheia”, ou seja, 16:9, dando aquela esticada na tela. Fica ao gosto do freguês.
Quem optar pelo “fit” poderá escolher o plano de fundo, com opções temáticas de cada jogo e também versões coloridas. E existem ainda os filtros: “pixel perfeito”, “suave”, “varredura”, “CRT” (que simula o efeito de uma televisão de tubo) e “CRT sem distorção”.
Além disso, dentro de cada um dos sete jogos há um menu que pode ser acessado com o botão “-“. Além de reiniciar, salvar/carregar (leia-se save state), opções de áudio e vídeo e possibilidade de remapear os botões, tem uma opção chamada “trapaças”.
Dentro de “trapaças” existem recursos únicos, como habilitar pontos de vida, vidas extras e armas infinitas, sempre ter armas nas mãos, selecionar a fase desejada diretamente no menu do jogo. Ou então chaves infinitas, alterar a cor do jogador e por aí vai. Depende de cada game, então a lista é bem variada. Mas fato é que a QUByte oficializou recursos que costumam aparecer somente em hack roms e coisas do tipo. E porque isso? Para conferir acessibilidade às experiências.
Muitos dos jogos apresentam filosofia de arcade, então podem contar com dificuldade artificial em alguns trechos, ou então desafio naturalmente elevado. E com a possibilidade de não sofrer dano, ou ter vidas/continues infinitos, a jogabilidade fica mais agradável e mais condizente com o mercado atual de games. Por essas implementações, ponto mais do que positivo para a QUByte!
Preservação dos games

Mais do que os games em si, ou ainda mais do que os excelentes recursos de acessibilidade, o trunfo de Beat ‘Em Up Collection é ser uma verdadeira peça de memorabília. Eu explico: a qualquer tempo, seja no menu principal ou dentro dos games, é possível acessar um detalhado, extenso, completo e muito bem preservado manual do jogo.
São duas seções: a primeira, “manual”, é composta por uma arte em destaque e então uma série de textos e fotos preparados pela equipe da QUByte Interactive. Entre as informações estão a história do título, depois o menu, os controles e assim por diante, passando pelas telas de jogo, elementos em tela, recursos disponíveis, itens que marcam a jogatina. Ou seja: todos os elementos que de fato compõem um manual físico.

Já a segunda seção está dentro de “extras” e é composta por três categorias: curiosidades, que traz informações sobre lançamento, história, jogabilidade e outras questões sobre diferentes versões lançadas, cenas que marcaram os games, etc; galeria, que traz as imagens das caixas dos jogos e todas as páginas dos manuais originais, escaneados em alta resolução (e que serviram de base para os textos traduzidos mencionados no parágrafo acima); e jukebox, onde é possível escutar cada uma das faixas e trilhas dos jogos.
Só por estas informações todas já vale a pena adquirir a coleção, que nestas partes funciona como uma grande revista de games. E uma das boas, com direito a trilha sonora muito bacana para acompanhar a leitura dos conteúdos todos.
Conquistas
Como se os recursos listados acima fossem pouco, há um sistema de conquistas com 29 delas para desbloquear ao acumular determinada quantidade de pontos ou de ouro, enfrentar determinados chefes, concluir a campanha e alcançar outros feitos. Prato cheio para quem busca a famosa “platina”!
Custo x Benefício
Não é preciso se alongar para dizer que os R$ 59,99 cobrados na eShop brasileira é um preço justo por um pacote que inclui sete jogos. Mesmo que nem todos sejam excelentes, é como se cada um custasse R$ 8,57, o que está mais do que bom. Contudo, um aviso: Beat ‘Em Up Collection é atrativo quase que exclusivamente aos retrogamers!
Conheça os sete jogos
- First Samurai – 1991 (Amiga e Atari ST) | 1993 (SNES)

Ação e plataforma com elementos de hack-and-slash, com espadas, punhos e feitiços mágicos que podem ser ativados coletando itens especiais.
Você controla um jovem guerreiro samurai cujo mestre foi morto por um feiticeiro maligno conhecido como Rei Demônio. Motivado por vingança e justiça, o herói embarca em uma jornada pelo tempo e espaço, viajando de um Japão feudal místico para um mundo futurista repleto de perigos sobrenaturais. Seu único objetivo é derrotar o Rei Demônio e restaurar a honra de seu mestre.
- Second Samurai – 1993 (Amiga) | 1994 (Mega Drive)

Ação e plataforma com combate de espadas, ataques corpo a corpo e poderes mágicos.
A história continua a mistura de fantasia e ficção científica com fortes influências japonesas, embora seja mais estilizada do que historicamente precisa. O personagem principal – um novo samurai ou o mesmo, dependendo da versão – deve enfrentar mais uma vez o Rei Demônio, que retornou após ser derrotado no primeiro jogo.
- Gourmet Warriors – 1995 (Super Famicom) | 2019 (SNES)

Beat ‘em up no estilo de Final Fight ou Streets of Rage, mas com mais loucura
Ambientado na cidade futurista e pós-apocalíptica de Zeus Heaven Magic City, o jogo acompanha um trio de super-heróis bizarros em uma missão para eliminar a organização maligna Bath, que ameaça a paz do que resta da sociedade.
Nota do autor: o mais legal da coleção!
- Iron Commando – 1995 (Super Famicon) | 2017 (SNES)

Beat ‘em up que oferece combates rápidos e radicais, com dois personagens jogáveis
Ambientado em uma cidade em um futuro próximo devastada pela violência e pelo caos, Iron Commando acompanha Jack, um ex-comando, e Chang Li, um artista marcial, enquanto lutam para recuperar um meteorito misterioso que desencadeou uma onda de crimes global. Um sindicato do crime conseguiu pegar o meteorito e agora domina as ruas com gangues, bandidos, mutantes e até tanques.
- Legend – 1994 (SNES)

Sete fases repletas de inimigos com combate de cortes, saltos, movimentos giratórios e pergaminhos mágicos
Ambientado no reino medieval de Sellech, o jogo acompanha dois guerreiros – Kaor e Igor – que se levantam contra o feiticeiro maligno Clovis, um tirano que mergulhou o reino na escuridão ao tentar obter o poder de Beldor, o velho déspota maligno do reino.
- Water Margin: The Tale of Clouds and Winds – 1996 e 1999 (Mega Drive)

Beat ‘em up clássico com três personagens par escolher e sete fases para enfrentar
Baseado em um dos quatro romances chineses clássicos de mesmo nome (“Water Margin”), conta com muitos inimigos com armas clássicas como machados, espadas, lanças e arcos, o que confere grande variedade de inimigos e chefes, alguns com combates bastante injustos.
- Sword of Sodan – 1988 (Amiga) | 1990 (Mega Drive)

Beat ‘em up de movimentação horizontal, da esquerda para a direita, com ênfase em ataques corpo a corpo
Acompanhe a história de Brodan e Shardan, filho e filha do herói Sodan, assassinado pelo maligno necromante Zoras. Em busca de vingança, os irmãos pegam a espada do pai e partem para destruir Zoras e restaurar a paz na terra.
Nota do autor: o menos divertido da coletânea!
Beat ‘Em Up Collection is a treat for retro gamers. It’s seven games for the price of one, and although not all experiences are fun from beginning to end, as some are dated or too difficult, the package is worthwhile mainly for the “game preservation” factor. The work of recovering manuals and other content is incredible, and the developers’ care shines through to the player.
[Nota do Editor: Beat ‘Em Up Collection foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela QUByte Interactive para avaliação.]

















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