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Berserk Boy – Diversão e Frenesi ao estilo Megaman Zero

Nostalgia é algo fervoroso em muitas pessoas e que de certa forma “anuvia” nossas decisões e nossos critérios. E mesmo sabendo disso afirmo que Berserk Boy resgata com maestria o mesmo sentimento que tive jogando Megaman Zero no Game Boy Advance décadas atrás no longínquo ano de 2002 (olha a idade aparecendo).

Berserk Boy é o jogo lançamento do recém formado estúdio BerserkBoy Games em parceria com SMG Studio, responsáveis por títulos como Death Squared e Moving Out que chega ao Switch e Steam hoje, dia 06 de Março.

Historia

Num futuro distante, um cientista louco e seu exército das trevas procuram escravizar o povo da Terra. A esperança para toda a humanidade está na Resistência, mas serão suficientes?

É em cima dessa premissa clichê que acompanhamos o desenrolar das aventuras de Kei e Fiore nesse mundo futurístico tentando impedir que as forças malignas do Dr. Genos e seus capangas. Iniciamos com Kei, um humano que entra para a Resistência junto de sua irmã, em uma missão para evacuar a cidade porém sua irmã Dizzie o alerta de um fortíssimo sinal vindo na direção oposta e ao investigar tal sinal somos surpreendidos por um bombardeio que separa Kei e sua irmã.

Agora que estão separados, ambos tentam se encontrar, porém Kei fica preso junto à um pássaro flamejante e falante chamado Fiore que explica parte da situação. Acontece que esse pássaro é a leitura de energia que Dizzie estava mencionando e ao chegar no teleporte Kei se vê incapaz de seguir adiante pela força do inimigo. É quando nos é informado sobre a história das Berserk Orbs, artefatos antigos de energia pura e elemental que estavam desaparecidos à séculos e Fiore está com um deles, a Berserk Orb Elétrica.

Kei em uma tentativa de evitar que o Orbe caia nas mãos do inimigo se joga na frente da mesma e acaba se fundindo com ela, ganhando assim poderes elétricos e alta velocidade. Com esses novos poderes, Kei consegue derrotar o inimigo, mas percebe que sua irmã foi sequestrada e agora deve salvá-la.

Sem muito o que fazer na cidade, Kei volta para a base da resistência onde o Comandante e os outros membros explicam mais da história e iniciamos nossa busca pela irmã e pelo Dr. Genos.

Gameplay

Berserk Boy é um jogo frenético de muita ação e plataformas onde enfrentamos diversos perigos com inimigos e inclusive o próprio ambiente das fases com seus espinhos e fossos sem fundo. Constantemente estamos de cara com o perigo e manobras usando as diversas habilidades presentes, bem como os elementos adquiridos, são necessários para a conclusão da fase. E falando em fase…

Mais série Zero do que série X

O gênero de ação e plataforma existe desde os primórdios e está presente em inúmeros jogos, porém um dos mais marcantes nesse gênero é justamente nosso atirador azul Megaman. E para quem acompanha a série de jogos, notou sutis diferenças no decorrer dos títulos até surgir alguém que preferia Z-saber ao X-Buster e conquistou uma legião de fãs (eu incluso) com seu estilo e golpes não convencionais. Até que em 2002 Zero ganha seu título solo para Game Boy Advance com Megaman Zero trazendo uma nova didática para a série como um todo.

É nessa linha que Berserk Boy atua, não apenas na referencia de design da Inti Creates, mas também na forma “não linear” das fases e mecânica de combate que utiliza muitos dashes, pulos e combos e pouquíssimos tiros.

Ainda sobre a não “total” linearidade das fases, o QG da Resistência aqui serve também de Hub onde podemos revisitar as fases já concluídas nesse mundo futurístico. Há três fases para cada mundo com pelo menos cinco mundos acessíveis de forma progressiva. Ou seja, temos uma progressão linear dos mundos mas suas fases por vezes possuem diversos caminhos e muito backtrace¹ envolvido, principalmente se quiser fazer o final definitivo!

Pouco tiro, mas muita porradaria

Voltando ao combate, em Berserk Boy atuamos de forma frenética com muito mais contato físico do que golpes à distância. Cada elemento nos concede uma gama diferente de golpes e habilidades diferentes e são pouquíssimos os que envolvem golpes a uma distância considerável ou tiros sequenciais como nos clássicos Megaman.

Em relação à porradaria, por vezes senti semelhança com o que vemos em Gravity Circuit, com muitos golpes em sequencia sendo usados e diversas vezes me perdendo em tela dada a velocidade do personagem, principalmente no modo Raio e Gelo.

Colecionáveis, sim temos! Mas pra que?

Vale mencionar também que cada Berserk Orb adquirido possui seus próprios upgrades e tais upgrades são possíveis apenas coletando muitos dos pequenos orbes de energia (azuis claro) que estão espalhados pela fase, bem como os que são derrubados pelos inimigos quando esses são derrotados. Esses orbes de energia também são utilizado com as habilidades especiais que temos acesso. Golpes e combos elementais utilizam essa energia que é recuperada automaticamente com o tempo, mas coletá-los acelera esse processo.

Orbes de energia Berserk também existem e esses são da cor amarela. Eles permitem carregar uma barra de energia que é usada como um golpe especial que varia de acordo com o Berserk Orb ativo. Fora isso não há outra utilização desses orbes.

Há também em cada fase diversos civis para serem resgatados. A cada resgate uma porcentagem é elevada e quando essa barra atinge sessenta porcento uma sala da fase atual é liberada. Nessa sala normalmente temos um dos cinco emblemas existentes na fase (badges) e que são colecionáveis, um onda de inimigos e muitos orbes de energia.

Mecânica e suas referências

Se for fazer uma comparação direta, as mecânicas de combate aqui misturam bastante do que temos em Megaman Zero e seu combate direto com o estilo de troca de poderes de Megaman clássico. Também podemos ver essa mistura de conceitos com o Hub e o acesso às fases já finalizadas, sendo que, aqui temos elementos de Megaman ZX e ZX Advent, lançados para Nintendo DS, onde havíamos um hub e telas sequenciais passíveis de revisitação.

Design Gráfico

Assim como em sua grande maioria, o estilo PixelArt é usado aqui e com muito cuidado nas nuances e detalhes. A animação fluída e a referencia visual são de extrema importância para sabermos o que temos em tela, quem é o que e os impactos dos golpes de aliados ou inimigos. Tudo isso temos aqui com uma gama muito grande de cores e beleza que realmente salta aos olhos.

Embora as plataformas ou o chão em si seja em sua maior parte padrões, a coisa muda de figura nas fases mais à frente com uma ótima ambientação de cenário e muitos outros elementos onde a interação só é possível havendo o poder correto.

Outro ponto importante está na movimentação em tela que permite todos os eixos usando pulo duplo, dash e até mesmo escavação deixando cada fase mais ampla do que ela aparenta de início. Há também quatro checkpoints por fase e podemos usá-los de teletransporte e assim voltar rapidamente a determinada etapa. Porém, mesmo sendo uma fase previamente concluída, caso voltemos nela os portais de teletransporte não estarão ativos, nos fazendo passar por toda a fase mesmo que tenhamos voltado para pegar um emblema, por exemplo, que estava no começo e você simplesmente deixou passar.

Caixas de Texto em momentos inoportunos

Já uma questão negativa que me ocorreu diversas vezes foi a aparição da caixa de texto em momentos críticos. Em Berserk Boy temos diversos textos e sua grande maioria é exibido em cutscenes ou fora de combate. Porém durante as fases, sempre que você coleta um emblema, uma mensagem aparece na parte debaixo da tela e várias vezes isso ocorreu quando o personagem estava justamente nessa área.

A caixa de texto não possui uma transparência então obstrui totalmente a visão que teríamos. e para minha sorte muitos desses momentos foram quando uma ação rápida era necessária e abaixo de mim não havia nada além do fosso sem fim… Fossos esses, aliás, indicados por um pequeno led vermelho com uma caveira. Isso, pelo menos, achei muito bom… quem nunca perdeu vida à toa em Megaman pulando em buracos por simplesmente achar que havia algo escondido ali…

Trilha Sonora

Sendo uma parte essencial para prender a atenção e passar a seriedade necessária em qualquer mídia, ter a música certa faz toda a diferença, e aqui temos isso muito bem aplicado.

O jogo todos possui não apenas ótimos sons de efeito que nos transmitem a sensação e resposta rápida de nossas ações mas também uma trilha sonora de qualidade que condiz com a temática futurista.

Arcade futurista, sim gostamos!

Toda a trilha sonora foi composta e produzida por Tee Lopes, o mesmo que fez Sonic Mania e TMNT: Shredder’s Revenge, e está repleta de ação e agilidade bem como todo o jogo. Em seu próprio canal, Tee Lopes compartilho algumas das músicas das fases e você pode conferir logo abaixo.

Detalhes Técnicos

Pesando pouco mais de 1,4 gb e com localização completa para PT-BR, Berserk Boy está custando R$ 81,00 reais na eshop brasileira, com uma promoção de lançamento que vai até dia 14 de Março. Um preço que ainda assim considero caro para um indie, mas que ao mesmo, tempo rende uma boa diversão. Apenas lembrem-se de ter cuidado ao pegar emblemas perto de fossos!!!

Berserk Boy - Detalhes Técnicos atualizados
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Berserk Boy
Veredito
Com muita diversão e cheio de desafios, Berserk Boy chega reanimando a cena indie com sua agilidade e Frenesi. Embora seja um jogo relativamente curto, os desafios e o modo Retrô (com maior dificuldade) podem render muito mais que 10 horas de jogatina. É mais um dos títulos que entram para lista dos "Essenciais" para quem é fã de Megaman.
Design
95
Trilha Sonora
100
Diversão
100
Gameplay
92
Custo x Benefício
85
Prós
Localizado em PT-BR
Grafico polido e combate bem frenético
Trilha sonora condizente com os ambientes
Contras
Pouca variedade de inimigos
Caixa de texto aparecendo sobre o personagem quando tudo oque você precisa é ter visão do ambiente para não cair no fosso
94
Nota Final

[Nota do Editor: Bersek Boy foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Lost in Cult para avaliação.]


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Desenvolvedor, gamer, marido e pai de pet. Um fã de Zelda, Monster Hunter, RPGs e Metroidvanias, que ama dar risadas, desenhar, jogar e reclamar que não tem tempo para fazer isso mais vezes.