Desde o primeiro trailer, o jogo já demonstrava seu potencial de ser algo peculiar e único, se destacando em meio a uma indústria saturada. E, de fato, Bloomtown: A Different Story entrega exatamente isso. Com uma identidade visual que lembra muito o charmoso Stardew Valley, o jogo rapidamente conquista a simpatia do jogador, oferecendo um visual acolhedor que combina perfeitamente com sua proposta.
Um Jogo Único em Meio a uma Indústria Saturada
Ambientado nos anos 60, Bloomtown: A Different Story segue os irmãos Emília e Sérgio, que se mudam para uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos para passar o verão com seu avô de temperamento peculiar. A cidade, com seus personagens carismáticos e caricatos, é palco de grandes mistérios sobrenaturais, incluindo desaparecimentos de crianças, assassinatos e até aparições de demônios, fantasmas, animais e plantas falantes.
Para quem acompanhou a série animada Gravity Falls, é quase impossível não traçar uma breve comparação. Ambos compartilham essa atmosfera de mistério com uma pitada de humor, onde o cotidiano é subvertido por elementos sobrenaturais.
Jogabilidade e Progressão Estratégica
A trilha sonora de Bloomtown é outro ponto alto. Com uma abordagem orquestrada nos momentos mais calmos da cidade, ela constrói um ambiente imersivo que captura o espírito da vida pacata, enquanto nas batalhas, as músicas ganham vocalizações poderosas que mudam completamente a forma como você percebe — ou melhor, ouve — o jogo.
O sistema de evolução e progressão de Bloomtown: A Different Story é simplesmente brilhante. Ações cotidianas, como regar uma planta ou fazer exercícios, oferecem bônus de status para seus personagens, e esses upgrades são essenciais para o sucesso em tarefas e missões. O diferencial? O sucesso das ações é determinado por simples dados de 6 faces, em um sistema que lembra um RPG de mesa. Sua “sorte” no jogo é testada constantemente, e a porcentagem de sucesso aumenta conforme seu nível em atributos específicos.
No entanto, não se engane: esse sistema é implacável. Ao falhar em uma ação decisiva, como uma resposta crucial em uma missão, a oportunidade se vai — sem segunda chance para tentar mais tarde. Essa mecânica pode dividir opiniões, mas é inegável que adiciona uma camada de tensão e estratégia à jogabilidade, tornando-a única e desafiadora.
Esses elementos implacáveis de falha permanente, no entanto, estão restritos a missões secundárias, então você não precisa se preocupar em perder progressões importantes ao longo da campanha principal. E falando em mecânicas de gameplay, há um fator ainda mais intrigante: a progressão de sua experiência se estende para além do jogo. Durante vários diálogos que ajudam a evoluir seu personagem, surgem perguntas do nosso mundo real, abordando temas como história da arte, literatura e geografia. E em certos momentos, você pode até se pegar utilizando uma calculadora para resolver um problema específico.
Mas não se preocupe, isso não tira o ritmo da experiência. Pelo contrário, esses questionamentos aparecem em momentos estratégicos, aumentando a imersão em Bloomtown e trazendo uma camada extra de profundidade à jogabilidade. É uma maneira sutil e engenhosa de fazer com que o jogador se envolva ainda mais com a narrativa e os desafios da cidade.
O sistema de batalha é um verdadeiro espetáculo técnico. Controlando até quatro personagens, você tem uma variedade de ações à disposição que tornam os combates intensos e dinâmicos. A diversidade de opções é impressionante: desde o uso estratégico de itens durante a luta, até ataques corpo a corpo e à distância, além de se defender e, o grande diferencial, utilizar magia com seus demônios.
Um dos aspectos mais envolventes é a possibilidade de capturar os demônios que enfrenta, integrando-os ao seu time de batalha ou fundindo-os para criar versões ainda mais poderosas. Esse recurso adiciona uma camada de estratégia e incentivo para participar de mais batalhas, buscando sempre aprimorar sua equipe com criaturas cada vez mais fortes.
A localização é um ponto muito positivo, claramente feita com atenção e carinho pelas equipes da Different Sense Games e da Lazy Bear Games. Todos os personagens tiveram seus nomes adaptados à nossa cultura brasileira, o que facilita a conexão com a história. No entanto, notei alguns deslizes durante o jogo, como a personagem Emília sendo referida como Emilly em certos momentos. Apesar dessas pequenas inconsistências, elas se tornam praticamente imperceptíveis com o tempo, não prejudicando a imersão geral na experiência.
Bloomtown: A Different Story é uma verdadeira joia em meio a uma indústria saturada de jogos. Desde sua ambientação encantadora até a trama envolvente cheia de mistérios sobrenaturais, o game oferece uma experiência rica e única, capaz de cativar desde os fãs de RPGs até aqueles que apreciam uma boa narrativa. Seus sistemas de progressão e batalha, além da trilha sonora, se destacam e elevam o nível de imersão. Embora tenha pequenos deslizes de localização, eles não ofuscam o brilho de um jogo que soube misturar nostalgia, estratégia e inovação de forma primorosa. Para quem busca uma aventura diferenciada e desafiadora, Bloomtown é uma escolha certeira.
This game is a true surprise in the industry, standing out for its originality in every aspect. Bloomtown delivers an engaging story, innovative gameplay, and a remarkable soundtrack, all tied together in a unique proposition. It’s the kind of experience that, when given a chance, will undoubtedly win over any player.
Nota do Editor: Bloomtown: A Different Story foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Twin Sails Interactive para avaliação.]
Deixar uma resposta