Kirby. Sim o Kirby, mais precisamente o jogo Kirby: Return to Dreamland do Nintendo Wii foi o pano de fundo para uma reflexão sobre como pais estão utilizando os aparelhos mais modernos no convívio com seus filhos. Um debate interessante e instigante se fez mais importante que o jogo em si, quando minha amada esposa Regina e este que vos escreve paramos para analisar se somos controladores demais com os eletrônicos e nossas 3 filhas. Comparados com o que nossos pais faziam conosco e sobre como isso influenciou nossa vivência gamer.
Muito longe das tecnologias avançadas que as crianças têm hoje, a infância e adolescência de quem cresceu nas décadas de 80 e 90 foram marcadas por consoles de 8 e 16 bits, visitas à casa de amigos e parentes apenas para jogar Atari, Sonic ou Super Mario World o que na verdade deveriam ser horas de estudo ou trabalhos de escola em grupo (que acabavam sendo feitos por uma única pessoa) se tornavam horas e mais horas de diversão com ou sem um adulto presente. Como os jogos se limitavam apenas as pessoas presentes (sim houve um mundo antes da internet) era muito tranquilo para os pais deixarem amigos de escola e da rua frequentarem nossas casas após conhece-los oficialmente, lógico. E aquele que pisasse na bola era banido pra vida toda.
Décadas e muitas revoluções digitais depois, esses mesmos gamers agora na pele de pais trabalhadores e ocupados demais para qualquer coisa que não lhes interesse se encontram numa emboscada digna de qualquer filme de sessão da tarde. Será possível permitir e dar aos nossos filhos a mesma liberdade, confiança e segurança para poderem jogar com amigos em casa ou no ambiente virtual sem correrem o risco de algum mal intencionado agir contra os mesmo e tirar proveito da vontade deles de apenas jogar e se divertir? Fica complicado confiar em jogos sem moderação quando muitas vezes não estamos presentes ou cientes do que está sendo jogado e com quem se joga.
Vale mencionar também os “pais” que se utilizam dos jogos e celulares apenas para não terem que lidar ou cuidar dos próprios filhos. Um celular pode ser sim uma ferramenta de aprendizagem maravilhosa quando supervisionado por um adulto que queria supervisionar, educar e aprender com os próprios filhos. Seus filhos são sim problema seu e são sua responsabilidade, seu maior tesouro e são como o nosso querido Kirby. Absorvem muito facilmente tudo que lhes é apresentado e se não cuidarmos e selecionarmos com atenção e carinho o que achamos melhor para eles podemos estar criando adultos sem confiança, com problemas de relacionamento e falta de empatia. Adultos incapazes de viver no mundo real e que nunca vão sair da sua casa, tanto física como emocionalmente.
Assim como o Kirby eles devem ser capazes de absorver e utilizar as informações como ferramentas para avançar nas fases da vida, uma fase de cada vez e vividas sem pressa, com tudo ao seu tempo de acordo com a idade de cada um. Devemos ser os guias e amigos que orientam mostrando cada inimigo e como enfrentar da melhor forma os Chefões que aparecem por essa jornada, sem roubar-lhes a vitória e nem priva-los da derrota, a melhor professora da vida, mostrando cada erro e acerto. Delegar essa obrigação ao celular ou videogame só mostra o quanto podemos ser fracos e covardes diante do mais nobre dos desafios que é ser pai/mãe.
Não chegamos a conclusão nenhuma além daquela que já implementamos na nossa casa de permitir que elas tenham e joguem dentro de um período de tempo para que possam também brincar e descobrir novas formas de se divertir. Nada de celular próprio por enquanto e assim como o Kirby elas devem se mostrar capazes de manusear com responsabilidade essas ferramentas modernas sem prejudicar a elas mesmas ou terceiros. Se estamos no caminho certo só o tempo dirá, por ora fico feliz de pensarmos da mesma forma e não usarmos essas tecnologias para fugir dos nossos problemas e obrigações. Os filhos são o nosso legado para o mundo.
Um Mega abraço.
Até semana que vem.
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