Um ano. Um ano se passou desde a minha primeira coluna: Eu alugo, você entrega? Feita com a mais pura nostalgia e empolgação. Escrita as pressas e revisadas milhares de vezes. Ás pressas não pela obrigação de entregar mas sim pelo sentimento de felicidade e toda emoção contida nesse projeto. Eu sempre soube sobre o quê iria escrever e como faria isso, só não sabia onde e nem porquê. Essas duas últimas respostas me foram dadas no dia em que fui escolhido para ser colunista do Portal, uma razão para escrever e um lugar para não só publicar minhas colunas malucas toda semana, um lugar onde encontraria iguais, pessoas apaixonadas por jogos e cultura pop, pessoas tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. A primavera de um sonho que eu nem sabia que tinha e o desabrochar de novas possibilidades.
No calor dessa empolgação correndo como uma criança no quintal cheio de energia comecei a escrever cada vez mais, duas, três e até quatro colunas num dia. Não faltavam ideias. Tudo me era permitido (quase tudo), nenhum assunto me seria negado (seria sim) num infinito de jogos, consoles, debates e brigas, juntar tudo isso em uma coluna toda semana seria como chamar amigos pra brincar na rua nas férias embaixo de um Sol de verão que ao mesmo tempo gastava e renovava minhas energias. O grande problema nessa aventura toda é que o clímax não dura pra sempre e nenhuma energia é infinita. As férias estavam acabando e ventos frios fechavam as tardes assim como as colunas perdiam as ideias e a empolgação.
Não foi uma parada brusca. Nada trágico ou digno de nota, apenas um resfriamento natural, crescente, contínuo, persistente como um vento gelado de outono. Ver lindas flores coloridas e cheias de vida caírem mortas dando lugar a galhos finos ilustra bem como as ideias e argumentos foram caindo um por um por terra deixando apenas o escritor vaidoso e cheio de si, nu, com frio e sem amigos pra brincar e nada relevante pra escrever, exausto de tanto correr pelo quintal da sua mente vazia iludida por um poder que não tinha mais como acessar. Criatividade. Relevância. Prazer. Motivação. Saber quando parar e guardar forças pro frio que ainda estava por vir. Me afastei do Portal.
Frio incessante, cortante e isolador. Na forma de uma pandemia fomos forçados a nos recolher em nossas cavernas com nossos medos e entes queridos num esforço diário de convivência e sobrevivência. Um vírus nos uniu e nos afastou como nunca antes na nossa história, atacou nossos corpos e destruiu nossas mentes. Encolhidos de baixo da coberta e apreensivos com as noticias do mundo cada um teve a oportunidade de se apequenar, reavaliar e reconsiderar suas escolhas saindo maior ou menor desse inverno. E como uma folha nascendo no raiar do dia senti que precisava voltar. Voltar a escrever, a conversar, criar. Porém, dessa vez, com mais calma, com empolgação medida pela experiência temperada pelo amor pelos jogos e aquecida no calor da acolhida que me foi dada pelos queridos amigos colunistas e fundadores.
Um novo ciclo recomeça cheio de alegria e determinação. Novas ideias, novas colunas e novo sentimento. Não sou o mesmo de um ano atrás, assim como o Portal também não é. Estamos maiores, mais abrangentes e experientes. Sim, o inverno sempre vai voltar e estaremos preparados para encarar o frio da melhor forma possível, juntos, com nossos amigos e leitores aos quais eu só tenho a agradecer.
OBRIGADO.
Bom final de semana, fiquem bem.
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