É inevitável analisar qualquer jogo de Sonic e não reconhecer a magnitude do que representa o personagem no mundo dos games. O porco-espinho azul é um dos poucos personagens desse nosso amado mundo que fura a bolha e atinge a memoria até daqueles que não conhecem absolutamente nada de games, mas sabem de sua existência.
Claro que tal patamar foi atingido com extremo mérito mas que passa por um presente que é difícil de acreditar que Sonic já foi um verdadeiro combatente ao Mario na luta pelo topo de vendas e que hoje, mais parece aquele personagem forçado de filme cômico que luta pelo protagonismo, mas que as risadas não vem de maneira constante, apenas uma risada ou outra, aqui e acolá.
Não que o novo jogo da franquia Sonic Superstars seja um jogo desprezível, péssimo, injogavel, mas que já é dito logo no início: não é nada do que foi prometido e muito menos grandioso do que seu passado.
Mario Maravilha x Sonic Super Estrela
Peço perdão ao leitor(a) pela insistência nessa comparação, mas novamente terei que utilizar o substantivo “inevitável” para iniciar a analise de Sonic Superstars falando também de Super Mario Bros. Wonder.
Primeiro que, como dito acima, a própria história dos jogos já remete em um duelo não apenas de vendas, mas duelo de fãs que fazem qualquer console wars aprender como se faz um verdadeiro embate no mundo dos games. Segundo, que os novos jogos que já prometiam ser uma verdadeira homenagem aos clássicos do passado foram lançados simplesmente na mesma semana, sendo (novamente utilizarei a palavra) inevitável a comparação.
Enquanto Mario, analisado por nós no portal pelo brilhante redator e carismastico Gustavo Braz do canal Gugalizando, entrega um jogo completamente inovador, utilizando bem as lembranças do passado para denotar como um game pode de fato evoluir e se tornar um dos melhores games do ano, Sonic Superstars demonstra cada vez mais o “pause” dado pela Sega em seu principal personagem, não evoluindo e entregando de fato apenas um jogo “bom”, mas muito longe de ser inovador ou entrar na memória como um dos melhores jogos da franquia.
O jogo entrega sim diversão, entrega bons momentos de hiperfoco, mas se atrapalha em questões que não tem nada a ver com hardware, se prejudica as vezes em fases maçantes, confusas e por mais que doa falar isso, chatas.
A Expectativa X Realidade
O game, quando anunciado e divulgado, gerou uma expectativa do que poderia vir. Sonic, apesar de ter rendido bons jogos nos últimos anos, como Sonic Frontiers e Sonic Origins, ainda não lançou aquele jogo de selo must play, que faça jus a sua história. Mas Superstars, confesso que trazia um ar de que pudesse remontar novamente os tempos de Master System, podia trazer aquele jogo inesquecível, mas infelizmente, foi um jogo mais do mesmo, as vezes com ar genérico e por vezes, cansativo.
Não, o jogo não é ruim. Seria leviano analisar assim. Mas a questão que o jogo não faz jus a grandiosidade de Sonic. O jogo passa muito a ideia apenas de um jogo de passatempo, para você jogar ali quando tiver de bobeira, uma fase ou outra, mas nada que te prenda de maneira imersiva e com o sentimento de “vou completar”.
A história do jogo é bem simples e a tradicional de Sonic: derrotar o Robotnik (ou Doutor Eggman, como você preferir) que se une a diversos inimigos a fim de aterrorizar a Nothern Island. Sonic, juntamente com seus companheiros tentam então por fim as ambições do vilão em uma batalha com excelentes doses de adrenalina. E aqui, já vale a pena mencionar um dos grandes acertos do jogo. O modo cooperativo é bem divertido e trabalhado, podendo os jogadores escolherem entre Sonic, Tails, Knuckles e Amy, cada um com uma característica especial e jogar tanto sozinho com outras pessoas.
O jogo para o Nintendo Switch está fluido e muito, mas muito bonito. A beleza gráfica de fato, foi transportada com maestria da expectativa para a realidade e os cenários, posso dizer, são espetaculares. Ricos em detalhes e com cores vivas, o jogo realizado em 2.5D acertou em cheio na escolha de como desenvolver a parte artística o jogo. Tudo é desenvolvido de maneira bem cuidadosa, sendo cada ambiente mais bonito que outro.
Um fato me chamou atenção, que por vezes, na dock o game trazia alguns detalhes “serrilhados”, até o cabelo do Sonic aparentava isso, mas no modo portátil, o jogo não aparentou tais problemas. É curioso, mas nada que estrague a experiência ou torne impossível. Afinal como dito acima, o game esta lindíssimo.
A jogabilidade é tranquila, um jogo de plataforma simples sem maiores problemas (a não ser para ativar o tal especial, que será mencionado mais a frente). O jogo inicia e traz em diversos momentos boas doses de nostalgia, trazendo a costumeira empolgação soniquiana, a agitação pela velocidade impressa pelo jogo, pulando saltando e tendo aquela velha raiva por acertar inimigos indesejados pelo caminho quando você esta em modo alucinado.
O game não apresenta grandes problemas em se tratando de desempenho, salvo as telas de loading que possui a lentidão e os lags. Mas o jogo tem certos aspectos que precisam ser pontuados que trazem um certo banho de água fria a medida que você vai conhecendo o jogo mais a fundo.
Primeiro, a respeito do cenário (mas como assim, ele não é belíssimo?). Sim ele é, mas algo que precisa ser pontuado é que apesar da beleza, por vezes ele pode se tornar repetitivo dentro de uma mesma fase, trazendo um pouco de confusão sobre sua real localização e aquele sentimento de Deja Vu constante.
Isso acaba sendo um problema quando de maneira repetitiva, você sente o jogo maçante, mais do mesmo e isso complica em trazer um hiperfoco pra ficar grudado na tv por horas. A dificuldade traz um certo desapontamento também, afinal os bosses são um pouco fáceis até, claro que há dificuldade, mas por ser um BOSS, a pretensão é que aja mais dificuldade não é mesmo?!
A frustração se dá pelas grandes inovações ficarem apenas no campo gráfico. O sentimento de nostalgia antes abordado, vive um looping tal qual uma montanha russa, a medida que o jogo vai sendo maçante, conforme mencionado acima. A trilha sonora tão famosa nos games da franquia, empolgando tal qual a velocidade que Sonic imprime no jogo, não foi tão bem vista aqui. Não que elas sejam ruins, mas aquele som eletrizante ou por horas marcantes, que era bem perceptível nos games antigos, infelizmente não foi observado aqui.
Algo também que vale a pena mencionar é sobre os tais especiais de Sonic, os “poderes” que inclusive a tela para acessa-los lembra bastante The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, mas que sinceramente é um pouco complicado acessá-los em meio a uma batalha frenética e por vezes até desnecessário.
A sensação que ficou, é que o game é apenas mais um. De fato um jogo bom, divertido por alguns momentos principalmente quando jogado em modo cooperativo, mas que poderia dar um salto maior, ficando preso a algo que mirou uma zona de conforto mas que ficou confuso em certos momentos. É realmente um alerta para a franquia em ver o que outrora foi um grande concorrente, tem uma disparidade tão grande. Sonic é uma marca consolidada, mas precisa de um jogo que faça jus a sua grandiosidade. Superstars tentou, traz diversão, mas ainda não é o Sonic que nos fãs merecemos.
[Nota do Editor: Sonic Superstars foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Theo Games em nome da SEGA para avaliação.]
