R.O.B. História

R.O.B. História

Atualmente muitos jogadores conhecem o R.O.B. por suas participações como personagem jogável em Super Smash Bros. e Mario Kart DS, além de outras aparições especiais, mas aqui vamos conhecer a fundo a história do icônico robozinho da Nintendo e sua importância para a indústria.

R.O.B. História

Desenvolvimento e lançamento

O R.O.B. (Robot Operating Buddy) foi projetado por Gunpei Yokoi, um dos mais importantes desenvolvedores da Nintendo, e lançado originalmente no Japão com o nome Famicom Robot, em julho de 1985 como um periférico para o Famicom, a versão japonesa do NES (Nintendo Enterteinment System). Mais tarde, em outubro de 1985 foi lançado para NES no mercado Norte Americano. O conceito do nosso querido robozinho da Nintendo era ser como seu nome diz seu companheiro de jogatina, jogar como seu player dois. É incrível pensar que a Nintendo lançou um robô de verdade para jogar com as crianças em plena década de 80! Um conceito sem dúvidas muito à frente de seu tempo.  

R.O.B. História
Caixa da versão japonesa do R.O.B.

No Japão o Robô era vendido separadamente do console Famicom que havia sido lançado dois anos antes e que já estava bem consolidado no mercado japonês, diferentemente do que ocorreu nos Estados Unidos onde ele foi lançado juntamente com o lançamento do próprio console, o NES em outubro de 1985 e acompanhava o Deluxe Set, que custava na época US$ 179,99. Além do R.O.B. essa edição de luxo do console acompanhava a pistola Zapper e dois jogos, Duck Hunt que utilizava a pistola e Gyromite que é compatível com o R.O.B., também foi lançado um box mais simples, sem o R.O.B. chamado Action Set que acompanhava Mario e Duck Hunt com a Zapper, custando US$ 149,99. R.O.B. também foi vendido separadamente por US$ 49,99 para quem comprou o console sem ele e depois decidiu adquirir o robô.

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Gunpei Yokoi

Para entendermos melhor o contexto mercadológico de lançamento do R.O.B. na América do Norte, vale lembrar que o Mercado Norte Americano de games havia passado pelo famoso Crash de 1983 quando o Atari, console então líder de mercado, após sucesso absoluto, teve sua brusca queda de vendas e quase quebrou o mercado de consoles domésticos após sucessivos lançamentos de jogos de qualidade duvidosa de produtoras que queriam surfar no sucesso de grandes hits que foram lançados anteriormente para o sistema em seu auge, como Space Invaders, PacMan, Enduro, Pitfall, entre outros. Após anos de sucesso o Atari começou então a receber jogos de baixa qualidade e inacabados, devido a prazos curtos das produtoras que queriam retornos rápidos com baixos investimentos, assim, surgiram jogos toscos como o famigerado game do E.T. para Atari. É curioso notar que nesse mesmo período de queda da marca em mercado norte americano, paradoxalmente o Atari e seus clones estavam começando a vender bem aqui no Brasil país que sempre está anos atrás em tecnologia e é quase um universo paralelo no mercado de games, mas essa já é outra história…

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Para o lançamento norte americano do NES a Nintendo realizou uma campanha de marketing massiva nos Estados Unidos, onde a empresa era uma nova entrante no mercado de consoles domésticos, apesar de já ter naquela altura conquistado um espaço no mercado americano de arcades, sobretudo após o grande sucesso do arcade Donkey Kong. A publicidade do lançamento do NES foi intensa na TV, revistas e jornais. Os lojistas, entretanto, estavam receosos em aderir a ideia de um novo console, devido a ao crash de 1983, que deixou o mercado de consoles domésticos desacreditado. Para conquistar as prateleiras dos principais varejistas a Nintendo ofereceu um contrato de consignação para eles, diminuindo o risco no investimento de estoques que poderiam encalhar, facilitando a adesão das lojas. Outra estratégia foi justamente vender o NES não como um console de jogos, mas como uma central de entretenimento ou como um brinquedo, desvinculando o produto da indústria de consoles domésticos que apesar de naquela época estar no início, parecia naquele momento estar ruindo. Nesse ponto o R.O.B. entra justamente para dar uma cara de brinquedo futurista ao NES o tornando mais atraente ao público. Essa estratégia foi um grande sucesso! Natal de 1985 milhões de casas americanas já tinham um NES instalado em seus televisores, tendo sido o presente mais cobiçado pelas crianças no Natal daquele ano nos EUA. Isso tudo causou um grande impacto, trazendo o mercado de consoles domésticos de volta das cinzas e R.O.B teve um importante papel nessa virada de jogo da Indústria de games.

Hardware

O robô tem 24 cm de altura, possui uma base fixa e movimenta os braços a cabeça para realizar suas funções. R.O.B funciona por um sistema descrito em sua patente como “photosensing video game control system” que consiste em ler as informações do televisor CRT através de flashes óticos identificados pelo sensor que possui em seus olhos, para realizar ações no jogo de acordo com o que está acontecendo na tela, apertando os botões do segundo controle. Sua alimentação é feita por quatro pilhas AA que não duravam muito, R.O.B é um verdadeiro comedor de pilhas. A versão Japonesa é branca e vermelha, enquanto a versão americana é branca e cinza em combinação com seus respectivos consoles Famicom e NES.

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Jogos compatíveis com o R.O.B

Gyromite: Esse jogo vinha junto com o robozinho, era um jogo de plataforma onde o jogador controla o Prof. Hector, um cientista que precisa proteger seu laboratório de bombas prestes a explodir e de uma infestação de monstrinhos chamados Smicks. Existem obstáculos azuis e vermelhos que bloqueiam o caminho, é aí que entra R.0.B, apertando os botões “a” e “b” do segundo controle para fazer os obstáculos respectivamente se moverem, permitido a passagem do Professor que vai desativar as bombas, enquanto tem que escapar dos Smicks que podem ser distraídos com nabos que o cientista acha pela fase e assim pode passar pelos monstrinhos mais tranquilamente.

A princípio pode perecer um divertido jogo de plataforma 8bits, mas aí temos um problema, R.O.B é extremamente lento e barulhento, e as vezes mais atrapalha que ajuda. Para apertar os botões ele usa um suporte de controle com alavancas adaptadas, onde ele precisa colocar uma espécie de pião, em cima da alavanca correspondente ao botão. Muitas vezes era mais prático o próprio jogador apertar os botões do segundo controle.

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Gyromite e Stack-Up

Stack-Up: Se trata de um jogo de Puzzle e era vendido a parte, contendo mais acessórios para o R.O.B, cinco discos coloridos e cinco bandejas que se encaixam no robô. Em cada fase R.O.B precisa empilhar os discos em uma determinada ordem, dentro de um limite de tempo determinado. Controlando o Prof. Hector e pulando em grandes botões o jogador dá os comandos na tela para o robô na ordem certa para que R.O.B faça a montagem corretamente e passe para o próximo nível. Também há um modo mais difícil onde inimigos te atrapalham tirando a vida do Prof. Ou dando comandos errados para o Robô, além desse, tem um modo de jogo da memória onde o jogador deve gravar a sequência de comandos que aparecem na tela e repeti-los para o robô. Da mesma forma que no jogo anterior a lentidão de R.O.B. não colaborava muito, tornando o ritmo do jogo bem cansativo.

Recepção do público

Na época do lançamento do NES foi realizada uma pesquisa com os compradores do console e R.O.B. foi apontado como a principal motivação para a compra do NES em seguida os consumidores diziam se interessar pelos gráficos avançados e variedade de jogos. Podemos ver assim o quanto nosso querido robô foi crucial para conquistar o público que estava desiludido com consoles domésticos, no entanto a falta de novos jogos compatíveis com o periférico e as limitações dele com o passar do tempo levaram R.O.B a ser descontinuado e o Deluxe Set parou de ser vendido pelo alto preço e desinteresse do público que passou a se voltar para outros jogos e periféricos que o NES oferecia. Mas nesse ponto R.O.B. já havia cumprido sua missão, em uma manobra de mercado conhecida por especialista de marketing como “Trojan Horse”, alusão ao Cavalo de Tróia por levar um console para a casa das pessoas vendendo a ideia de um brinquedo e após a compra o console com toda sua inovação cativou o público por si mesmo. Revitalizando toda uma indústria que ainda estava em seu início, mas passava por momentos muito difíceis.

R.O.B. História
Caixa do NES Deluxe Set – 1985

Personagem jogável

R.O.B. fez muitas aparições como personagem em jogos desde a geração 8bits até hoje. Como personagem jogável ele apareceu em Mario Kart DS sendo um piloto desbloqueável da categoria pesado e aparece como lutador na série Super Smash Bros, a partir de Braw (Wii) seguindo na série até hoje, sendo um dos meus personagens main stream especialmente em Smash Bros Ultimate. Também temos o Amiibo de R.O.B. lançado em 2015 que é lindo e pode ser encontrado no padrão de cores americanos e nipônico.

R.O.B. História
Amiibo R.O.B.

participações especiais

Como personagem não jogável R.O.B. fez diversas participações especiais em jogos como no RPG Star Tropics (NES); No Álbum da game Boy Câmera (GB); Em Star Fox 64 (N64) como piloto da nave Great Fox através de sua evolução “R.O.B. 64”; em Kirby’s Dream Land 3 (SNES) onde o jogador tem a missão de recuperar R.O.B. e levá-lo de volta ao prof. Hector; em F Zero GX (GC) podemos ver um R.O.B. gigante no cenário de Port Tonw; em Pikimin 2 (GC) onde temos a misssão encontrar as peças perdidas de R.O.B. e reuni-las; em vários minigames diferentes de jogos da série Wario Ware (GC, DS, Wii); em Tomadoshi Life (DS) como colecionável e até mesmo como um easter egg na versão para 3DS de Zelda: Majora’s Mask. Pensa em um cara que está em todos os rolês aleatórios, esse é R.O.B.!

No vídeo a seguir podemos conferir essas aparições de R.O.B.

Então caro leitor nintendista, curtiu conhecer um pouco mais sobre nosso querido R.O.B.? Não esqueça de compartilhar com aquele seu amigo fã da Big N!!! =D


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Defensor do Mushroom Kingdom e desbravador das terras de Hyrule. Estou no Instagram e Twitter - @rogeriomarrara_