E-Sports Olímpicos JÁ!!!

E-Sports Olímpicos JÁ!!!

As Olímpiadas somente serão modernas quando toda capacidade humana puder ser representada e premiada, capacidade física e mental, independente de raça, credo, bandeira ou gênero.

Já passou da hora de termos esportes eletrônicos nas Olimpíadas.

As Olímpiadas Modernas são consideradas uma festa para o esporte mundial. Atletas sonham, treinam e sofrem por anos ou décadas para ter a sua classificação confirmada em uma disputa entre os melhores de sua geração em busca da Glória Olímpica. Subir ao pódio. Receber os “Louros da Vitória” e morder a medalha tão sonhada. Os melhores já tiveram essa honra e outros melhores sequer tiveram a chance de tentar. A cada 4 anos o mundo volta seu olhar para esses poucos escolhidos. Semideuses do Panteão Olímpico Moderno. Adversários, rivais, iguais e amigos testados até os limites de seus corpos e mentes em jogos individuais e coletivos separando os melhores entre os melhores.

O esporte tem a essência de agregar força, disciplina e determinação. Sua origem vem dos contos antigos presentes em várias mitologias, pois inúmeras culturas adoraram o corpo humano e sua beleza. Tinham heróis capazes de feitos incríveis e superações inimagináveis. Um corpo saudável e ativo. Essas façanhas deram origem a muitos esportes das Olimpíadas Originais e ainda permanecem vivos nas Olímpiadas Modernas. A Maratona é uma corrida muito famosa que representa a distância que o soldado ateniense Fidípides percorreu para avisar a cidade de Atenas sobre a vitória na batalha contra os Persas. Assim como nos mantemos saudáveis, alimentamos nosso espirito de competição, exigindo não só de nossos corpos, mas muito mais de nossas mentes.

As Olimpíadas atuais idealizadas por Pierre de Cobertain (Barão de Cobertain) são modificadas de tempos em tempos para que esportes modernos ou com grande número de praticantes sejam representados e tenham espaço nos jogos. Alguns começam como exibições enquanto outros já tem disputa de medalha. O Comitê Olímpico Internacional (COI) modificou recentemente a sua política de inclusão de novos esportes para uma Olimpíada. O que antes era muito burocrático e excludente, esportes pouco praticados em alguns países e esportes mais cerebrais como o Xadrez não poderiam ser olímpicos, agora fica a cargo do país sede indicar as modalidades. Cabe agora a cada pais sede indicar novos esportes desde que sejam previamente avaliados e seguirem as regras olímpicas de equidade e antidoping. Essa mudança torna os jogos mais dinâmicos e permite que sempre tenhamos novas modalidades no futuro.

Pensando nessas oportunidades, e como os esportes representam a sociedade onde estão inseridos, seria impossível não exigir que os eSports ou E-Sports (Esportes Eletrônicos) sejam não só adicionados aos Jogos Olímpicos como também nos Jogos Paraolímpicos, ou que não seja feita essa distinção, pois atletas das duas modalidades podem disputar e competir entre si em pé de igualdade e dignidade. Verdadeiros atletas como André “Nerd Surdo” Santos, Neto “NoHands” Trindade, Rodrigo (Canal Acesso Restrito), Laís Faccin, Fabrício SDW, Machadinho, Cadeirante do CS, Rafinha (Família FPS), Firmezinha e a fabulosa Belle Utsch representariam com brilho e habilidade o Brasil e com certeza voltariam carregados de medalhas assim como muitos “brazucas” já fazem pelo mundo dos eSports vencendo torneios oficiais, regionais e mundiais, com regras muitas vezes mais rígidas que as olímpicas. Atletas PCDs ou não PCDs que já tem uma rotina de treinos e preparação que não fica devendo em nada aos maiores vencedores dos jogos olímpicos antigos e atuais. Preparo físico e mental presentes nas lendas de outrora podem ser vistos em suas gameplays e entrevistas. Uma oportunidade impar de firmar que o Sonho Olímpico pode ser alcançado por qualquer pessoa disposta a lutar por ele.

E-Sports Olímpicos JÁ!!!
Equipes brasileiras de E-Sports

Com a popularidade cada vez maior entre os mais jovens, os eSports chegaram para ficar. Em 2020, o mundial de LoL (League of Legends) teve mais de 45 milhões de espectadores simultâneos. Apesar de não haver uma decisão definitiva, é possível que os jogos eletrônicos façam parte do programa olímpico em breve. Em abril de 2020, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou a criação da Olympic Virtual Series. A competição, que ocorreu entre maio e junho, foi o primeiro teste do COI com os jogos eletrônicos. Entretanto, apenas simuladores de esportes foram parte do evento. Jogos de grande popularidade como Overwatch, League of Legends e Counter Strike não estiveram presentes.

A luta pela inclusão deve vencer a ideia ultrapassada que jogos “violentos” fazem propaganda da violência. Que jogos onde existe a possibilidade de “matar” o adversário não devam ser incluídos. Ora senhores do COI os arcos e flechas, martelos e pistolas até hoje presentes nas Olímpiadas eram e são usados com qual finalidade fora dos esportes? São adereços meramente decorativos, esportivos e pacíficos? Não remetem à antigas guerras e disputas que dizimaram milhões? Não seriam estes objetos de violência, com mais sangue em sua história que qualquer partida de Counter Strike, Fortnite, LoL ou PUBG, resignificados pela luz das Olímpiadas inspirando pessoas ao redor do mundo? Adversários não são inimigos e a violência reside na pessoa e não no esporte (ou E-Sport) que ela pratica.

As Olímpiadas somente serão modernas quando toda capacidade humana puder ser representada e premiada, capacidade física e mental, independente de raça, credo, bandeira ou gênero. Os E-Sports podem não só agregar tudo isso com jogos mistos como ser a primeira modalidade realmente inclusiva com atletas PCDs e não PCDs competindo juntos dando vida ao sonho do Barão de Cobertain onde o importante não é vencer, mas competir. E com dignidade.

Um bom final de semana a todos. Fiquem bem.


[A coluna acima reflete a opinião do redator e não do portal Project N]

Nerd, nostálgico, pai e professor. Reclamador profissional com PHD em Harvard. Conheço o Mario, e daí? Assopra a fita e bora jogar! Canal Juninhos Fun Club no Youtube!!!